O estudo, a que a agência Lusa teve acesso, foi desenvolvido pelos investigadores Milton Severo, Ana Isabel Ribeiro, Raquel Lucas, Teresa Leão e Henrique Barros do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), entre os dias 02 de março e 05 de julho.

A análise incidiu em freguesias atravessadas pelas linhas ferroviárias de Azambuja, Sintra, Cascais, do Sul (Fertagus), do Sado e do Oeste, localizadas em concelhos da Área Metropolitana de Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, o professor Milton Severo, um dos autores do estudo, explicou que o objetivo era perceber a relação entre a proximidade das estações ferroviárias com a transmissão da covid-19.

“Verificou-se que, quando se comparam essas linhas, não se associavam de uma forma homogénea. Ou seja, o risco de infeção não era superior nas freguesias mais próximas das estações do que naquelas mais afastadas”, apontou.

O investigador referiu que, por exemplo, a linha de Sintra apresentava um risco maior nas freguesias atravessadas pelo comboio, mas que na linha do Sado e da Fertagus o risco mostrou ser maior nas freguesias não atravessadas.

Entretanto, a partir de abril, os investigadores foram percebendo que o fator mais determinante para o risco de contágio eram as condições socioeconómicas.

“Enquanto no início da pandemia esse indicador (privação socioeconómica) não se associava, conforme foi passando o tempo esse indicador passou a associar-se e as freguesias com maior privação apresentam um risco superior de infeção comparada com as outras”, apontou.

Assim, como principais conclusões, o estudo demonstra que não existe uma ligação direta entre o transporte ferroviário e o risco de infeção, uma vez que os dados foram mudando ao longo do tempo, e coloca como fator determinante as condições socioeconómicas.