“Estamos em protesto porque não achamos justo o que a Câmara está a fazer, porque estamos a cumprir o que a Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiu, que é o uso de máscara e desinfetante, e tentamos que haja distanciamento”, afirmou à Lusa Luís Gomes, representante da AFMRN - Associação Feiras e Mercados da Região Norte.
Luís Gomes disse que “não foi a DGS a determinar o encerramento da feira” e que, por isso, “não aceitam ser culpados de uma situação que toda a gente sabe que tem mais a ver com os convívios sociais, em recintos fechados, como jantares de famílias e não só”.
“Nós cumprimos o que a DGS decidiu e fecham a feira, mas as grandes superfícies continuam abertas. Ao fechar têm de fechar tudo, não têm de ser só os pequenos a pagar. Estamos muito revoltados”, sublinhou.
Luís Gomes acrescentou que “há feirantes a passar necessidades”, uma vez que estão a faturar “20/30% do que era normal”.
“A altura que mais gente vai à feira é no verão e no verão os casos não aumentaram. Vejam quantos feirantes apanharam a covid desde que as feiras reabriram”, frisou.
Luís Gomes disse ainda à Lusa que tentaram ser recebidos na Câmara, nomeadamente pelo responsável pelo pelouro das feiras, mas foi-lhes dito que “nenhum vereador se encontrava nas instalações por estarem em confinamento” devido a casos positivos de infeção detetados em elementos do executivo.
Questionada pela Lusa, a Câmara de Vizela referiu que, “não obstante compreender as preocupações manifestadas pelos feirantes, a autarquia considera que a saúde pública e a contenção da propagação do surto devem prevalecer”.
Numa resposta escrita, a autarquia aponta três razões fundamentais para a decisão que tomou, nomeadamente o facto de “a maioria dos feirantes que participam nas feiras semanais de Vizela fazerem outras feiras em concelhos limítrofes, o que, atendendo à escalada dos números de infetados nesses concelhos, propicia exponencialmente a propagação do surto”.
“As feiras semanais de Vizela, para além da população do concelho de Vizela, são, também, bastante frequentadas por pessoas de concelhos limítrofes, o que, pelas razões expostas no ponto anterior, propicia exponencialmente a propagação do surto”, lê-se no comunicado.
Acrescenta que, “neste momento, verifica-se que três concelhos próximos de Vizela (Paços de Ferreira, Felgueiras e Lousada) já se encontram com a realização das respetivas feiras suspensa, o que faz com que as respetivas populações se desloquem às feiras dos concelhos limítrofes, entre os quais se inclui Vizela, para aí suprirem as suas necessidades”.
Assim sendo, a autarquia, “apesar de compreender as dificuldades dos feirantes”, aquando da decisão de suspensão da realização das feiras semanais “ponderou devidamente as questões envolvidas”, tendo concluído que, no momento atual da pandemia, com indicadores que colocam Vizela “como um dos concelhos mais afetados do país, numa das regiões mais afetadas do país, devem prevalecer as questões de saúde pública e de contenção do surto face ao agravamento verificado ao longo dos últimos dias”.
Tendo em vista evitar a propagação do surto epidemiológico, a autarquia decidiu, no decorrer da última semana, entre outras medidas, proceder à suspensão, por tempo indeterminado e enquanto se mantiver a presente situação epidemiológica, da realização das feiras semanais de quinta-feira e sábado.
Na terça feira, a Associação Feiras e Mercados da Região Norte (AFMRN) condenou as decisões que levaram à suspensão de diversas feiras devido à pandemia, considerando ser uma penalização “discriminatória”, porque há outros setores de comércio em funcionamento.
Apesar de considerar que devem ser tomadas medidas para evitar o “descontrolo das cadeias de transmissão” do vírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, a associação classificou a decisão de “antidemocrática”, “discriminatória” e “mal fundamentada”.
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