"Nesta fase de contenção da infeção pelo novo coronavírus, tendo a OMS [Organização Mundial de Saúde] declarado situação de pandemia, e dado o momento que se vive em Portugal, com o encerramento de um conjunto muito alargado de serviços públicos, a Frente Comum decidiu suspender a realização da Greve Nacional dos Trabalhadores da Administração Pública agendada para dia 20 de março, assegurando desta forma que os serviços funcionarão com a normalidade possível perante o quadro que se vive", disse a estrutura num comunicado.

Numa nota de imprensa, a Frente Comum reafirmou as razões que motivaram a marcação da paralisação e prometeu dar continuidade à luta por melhores salários, pela valorização das carreiras, por uma efetiva negociação e em defesa dos Serviços Públicos.

Salientando a importância dos trabalhadores da Administração Pública no combate à propagação do Covid-19, a Frente Comum exige que lhes sejam garantidas todas as condições de proteção individual e tomadas as necessárias medidas de contenção da propagação em todos os Serviços Públicos.

"Acresce a esta necessidade, a de garantir todos os direitos dos trabalhadores, independentemente do vínculo, nomeadamente o direito a 100% da retribuição em caso de ausência ao trabalho, por motivos direta ou indiretamente ligados ao encerramento de serviços, isolamento profilático, quarentena, ou assistência a familiar nessas condições", defendeu a Frente Comum no comunicado.

A Frente Comum apelou ainda "à serenidade de todos e que se tenha em conta as normas e orientações emanadas pela DGS, no sentido de minimizar os impactos da propagação que hoje se verifica, disponibilizando-se os seus sindicatos, como sempre, para os esclarecimentos que os trabalhadores entendam necessários".

A Frente Comum salientou que este momento exigirá, mais do que nunca, o reforço dos serviços públicos em meios humanos e financeiros, e em especial, do Serviço Nacional de Saúde.

Após a suspensão da greve, a Frente Comum vai solicitar uma reunião urgente à ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, no sentido de ver esclarecidas as medidas tomadas em relação aos trabalhadores da Administração Pública e de expor as suas principais preocupações perante a situação que se vive.

No início da semana, a Frente Comum já tinha anunciado que os trabalhadores do setor da saúde não iriam fazer greve para não prejudicar o funcionamento dos serviços face à propagação da covid-19.

Os sindicatos da Frente Comum, estrutura da CGTP, exigem uma “efetiva negociação por aumentos salariais reais”, depois de o Governo ter avançado com uma atualização de 0,3% para a função pública e um acréscimo de 10 euros nos dois níveis remuneratórios mais baixos (até cerca de 700 euros).