Desde segunda-feira que as escolas estão encerradas para tentar conter a disseminação do novo coronavírus e mais de dois milhões de crianças e jovens – da creche ao ensino superior – estão em casa, a aprender através do ensino à distância.

No entanto, como um em cada cinco alunos não tem computador em casa e 5% das famílias com crianças até aos 15 anos não tem Internet, o Governo criou um conjunto de soluções que vai apresentar às escolas para tentar minimizar o problema.

“As escolas e os professores têm, naturalmente, sentido constrangimentos em garantir o contacto com os alunos especialmente carenciados ou vulneráveis”, reconhece o Ministério da Educação em comunicado, sublinhando que este problema é “um dos principais focos de preocupação” da tutela.

Para manter o contacto e o apoio aos alunos com maior risco de exclusão social, o Governo sugere aos diretores de turma e outros professores que sinalizem os alunos sem acesso às aulas, os que não participam ou que estão a participar pouco nas atividades propostas.

Também os agentes do Programa Escola Segura (EPES) são chamados a intervir para continuar o seu trabalho de proximidade com os estudantes, fazendo a articulação entre a escola e os alunos, mas também dando apoio domiciliário.

O Governo propõe ainda às escolas que, em caso de necessidade, se articulem com os CTT para que este serviço possa “entregar e levantar as fichas de apoio e os trabalhos ao domicílio”, lê-se no comunicado enviado hoje pelo ME.

Segundo a Confederação das Associações de Pais e Encarregados de Educação (Confap), já há alunos cujas famílias têm mais dificuldade no acesso ‘online’ que estão a levantar os trabalhos da escola em papel.

De acordo com a Confap, esta prática é possível com a colaboração articulada das autarquias, das escolas e das associações de pais, estando igualmente previsto que os CTT também possam colaborar neste processo.

“Os alunos estão em casa para melhor se garantir a sua segurança, mas não estão de férias”, lembra a confederação, para qual é fundamental atingir os objetivos do ano letivo, conforme planeado: “É por isso, também para os alunos, o mesmo que estar em teletrabalho”.

Outra das sugestões do Governo é definir canais de comunicação simples com as crianças e jovens em situação de vulnerabilidade: “Privilegiar canais fáceis, momentos de contacto diário, através de todas as formas de comunicação disponíveis, como o telefone (voz ou mensagem)”, exemplifica o ME em comunicado.

No caso dos alunos que têm telemóvel e acesso ao whatsapp ou outras aplicações semelhantes, é sugerido que se estimule “o envio de dúvidas e trabalhos por mensagem ou fotografia”, explica o ME.

É ainda proposto que sejam mobilizados estudantes, professores reformados, escuteiros e voluntários para interagirem com as famílias e crianças, fomentando exercícios que sejam compatíveis de se realizar à distância de um telefonema ou de um ecrã.

Noutros casos, estes voluntários poderão entregar e recolher fichas ao domicílio e depois fazer a sua correção.

O Governo apresenta uma lista de quem pode fazer este trabalho: estudantes, designadamente na área da educação, pessoal dos bancos de voluntariado das câmaras municipais e das universidades, docentes reformados e até embaixadores dos países de origem dos imigrantes.

Também os dirigentes do Corpo Nacional de Escutas, dirigentes associativos e vigilantes escolares podem participar nesta missão de não deixar ninguém de fora, sublinha o Governo.

As organizações não-governamentais, as associações de migrantes e outras entidades de quem a escola seja parceira também se podem envolver neste projeto.

O Governo lembra ainda que pode passar pela mobilização de parceiros locais para apoio, designadamente através de disponibilização de ‘wi-fi’ ou equipamentos.

A rede de apoio do Alto Comissariado para as Migrações (ACM) também pode ser um parceiro essencial, segundo o comunicado do ME que lembra que o ACM pode identificar crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, uma vez que esta entidade tem um contacto privilegiado com a população imigrante, refugiada e oriunda de contextos vulneráveis.

“Destas crianças, sinaliza aquelas que têm e não têm acesso à Internet, ‘smartphones’, ‘tablets’, redes sociais, comunicando posteriormente aos respetivos estabelecimentos escolares”, acrescenta o comunicado referindo-se ao trabalho que poderá ser feito pela rede do ACT.

O Governo refere que se deve recorrer aos conhecimentos e equipas dos projetos Escolhas – um programa que nasceu no início do século a pensar nos jovens desfavorecidos, nomeadamente crianças imigrantes ou portuguesas ciganas.

O ME observa ainda que os canais de televisão se disponibilizaram para divulgar conteúdos educativos em momentos específicos e que por isso os alunos devem ser estimulados a assistir a esses conteúdos.

A Direção-Geral da Educação lançou na segunda-feira um ‘microsite’ com recursos e ferramentas de ensino a distância para apoiar os professores na condução das aulas.

O objetivo da plataforma, segundo a tutela, é disponibilizar novos recursos e partilhar práticas que os docentes possam ter de adotar para “manter o processo de ensino e aprendizagem em funcionamento”.

O Governo anunciou na sexta-feira a suspensão das atividades nas escolas até ao dia 09 de abril devido à pandemia Covid-19.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 1.020, mais 235 do que na quinta-feira, e o número de mortos no país subiu para seis.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde quinta-feira e até 03 de abril.

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