O Núcleo de Estudos de Hospitalização Domiciliária da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) elaborou um documento que define o modelo de intervenção que as Unidades de Hospitalização Domiciliária (UHD) devem adotar em articulação com as restantes entidades de saúde envolvidas a propósito da infeção por Covid-19.
Numa primeira fase, as UHD devem conseguir reforçar a sua capacidade de internamento com o aumento do número de doentes a seu cargo, de forma a permitir absorver mais doentes sem infeção por coronavírus SARS-CoV-2 do internamento convencional e libertar camas no hospital para doentes com Covid-19.
Devem, no entanto, ser respeitados os limites dos recursos humanos e materiais de cada unidade e reforçados de acordo com as exigências, ressalva o núcleo do estudo em comunicado.
Segundo o documento, as equipas de hospitalização domiciliária devem, sempre que possível, fazer a admissão de presumíveis doentes sem Covid-19 em casa, evitando a sua deslocação ao hospital.
Estes doentes poderão ser identificados pelos centros de saúde, consultas externas ou hospitais de dia, e serão doentes com necessidade de internamento e referenciados diretamente à UHD local.
Nesta fase, ficam excluídos casos em investigação, casos prováveis ou confirmados de Covid-19, ainda que com sintomatologia ligeira.
Numa segunda fase, podem ser admitidos doentes com Covid que estiveram internados no hospital e que já se encontram estáveis para internamento em casa, devendo ser mantidas as medidas de isolamento até à alta.
“Em caso de necessidade, o médico de prevenção para os doentes internados em casa deve deslocar-se ao hospital fora do horário de trabalho habitual para admissão de doentes e libertação de um maior número de camas”, defendem os especialistas.
Podem também ser suspensas outras atividades programadas da equipa médica, de enfermagem ou de outros profissionais de forma a realocar e otimizar recursos exclusivamente para o internamento em hospitalização domiciliária.
A última fase recomenda que, caso se verifique um aumento do número de doentes infetados e após esgotar a capacidade de internamento convencional do hospital para doentes com o novo coronavírus, as UHD podem assumir o internamento e/ou vigilância no domicílio de casos confirmados ou prováveis se a equipa PPCIRA e/ou Unidade de Saúde Pública local assim o entenderem.
Devem, no entanto, estar asseguradas medidas de isolamento no domicílio como lavagem das mãos, etiqueta respiratória, limpeza e desinfeção do espaço físico, contenção de movimentações em casa. Devem ainda, doentes e cuidadores, reconhecer sinais de agravamento respiratório.
Nesta fase deve ser reforçado o transporte para os casos de agravamento respiratório no domicílio com necessidade de retorno ao hospital, refere o documento.
Para os especialistas, “a hospitalização domiciliária deve ser parte da solução deste problema nacional”.
O coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 teve origem na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 200.000 pessoas, das quais mais de 8.200 morreram.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira. No entanto, este número baseia-se na confirmação de três casos positivos nos Açores, mas a Autoridade de Saúde Regional, contactada pela Lusa, sublinhou serem dois os casos positivos na região e adiantou estar em contactos para se corrigir a informação avançada pela DGS, baixando assim para 641.
Dos casos confirmados, 553 estão a recuperar em casa e 89 estão internados, 20 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
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