O gráfico hoje publicado pela empresa de estudos de mercado para a saúde, na rede social Linkedin, mostra que as farmácias portuguesas venderam, na última terça-feira, 17 de março, cerca de 40.000 unidades do anti-inflamatório, número que correspondeu a um decréscimo de 28,8% face a 10 de março (quase 60.000 unidades).

A quebra aconteceu depois das vendas de ibuprofeno (Brufen, por exemplo) terem escalado dia após dia na semana anterior, ao passarem das 40.000 unidades na segunda-feira para um pico ligeiramente superior a 140.000 na sexta-feira - uma variação a rondar os 250%.

Para a consultora, a redução das vendas de ibuprofeno deveu-se impacto mediático das notícias que desaconselhavam a utilização de ibuprofeno", nomeadamente as que deram conta da publicação do ministro da Saúde da França, Olivier Verán, na rede social Twitter, no sábado a desaconselhar o uso de anti-inflamatórios, pela suposta hipótese de "agravamento da infeção" nos casos de Covid-19.

Na sequência dessa declaração, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vincou que as pessoas com sintomas semelhantes aos associados à Covid-19, como febre ou tosse seca, só devem tomar ibuprofeno com prescrição médica, apesar de não ter confirmado a relação entre uma enzima cuja produção é aumentada pelo ibuprofeno e o novo coronavírus, avançada num estudo da revista médica The Lancet.

Em vez dos anti-inflamatórios, a OMS recomendou o uso do paracetamol, medicamento que, tal como o ibuprofeno, apresentou, no início desta semana, um "padrão de compra claramente alterado", mas no sentido ascendente, realçou a consultora.

As vendas de antipiréticos (Ben-U-Ron, por exemplo) aproximaram-se das 200.000 unidades na última terça-feira, um valor que superou o registo da terça-feira da semana anterior (10 de março) em 103,7% - venderam-se então pouco menos de 100.000.

Depois de se terem mantido quase sempre abaixo das 50.000 unidades durante o mês de fevereiro e a primeira semana de março, as vendas de paracetamol dispararam no início da semana passada, tendo atingido o pico diário de quase 250.000, na sexta-feira, e ultrapassado as 220.000, nesta segunda-feira.

Essa tendência de consumo do medicamento "continua bastante influenciada pelo surto do vírus SARS-CoV-2 [o coronavírus responsável pela Covid-19]", frisou a Health Market Research.

A Covid-19, pandemia com origem no coronavírus detetado pela primeira vez em dezembro, na China, já foi confirmada em mais de 209.000 pessoas em 150 países, tendo causado 8.784 mortes, principalmente na Europa (4.112) e na Ásia (3.384), indicam números compilados hoje pela agência AFP com base em fontes oficiais.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira, sendo que duas pessoas já morreram e três já recuperaram.