“A História não se vai lembrar dos fracos, covardes e das omissões”, disse Bolsonaro numa cerimónia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília, com representantes de grupos de médicos que promovem o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina contra o novo coronavírus.

Esses medicamentos usados regularmente em pacientes com malária, entre outros males, têm gerado polémica na comunidade científica global graças aos seus efeitos colaterais e a falta de comprovação da sua eficácia contra a covid-19.

Bolsonaro defende publicamente a aplicação dessas substâncias quando surgirem os primeiros sintomas da covid-19 e diz ter usado cloroquina quando foi infetado pela doença, no início de julho.

No evento, o Presidente brasileiro afirmou que quando surgiram as primeiras notícias sobre a pandemia começou a estudar a situação e ficou sabendo que a cloroquina era recomendada nos Estados Unidos, França, Índia, apesar das dúvidas da Organização Mundial do Saúde (OMS).

Bolsonaro também recordou as divergências que teve com o médico e deputado Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, que se demitiu no início da pandemia por defender o isolamento social e por não ter aprovado uso da cloroquina contra a covid-19 no país.

“Assim como um paciente muda de médico, eu mudei de ministro”, disse Bolsonaro, que mantém no comando do Ministério da Saúde o general Eduardo Pazuello, um especialista em logística sem experiência em saúde.

“Precisamos de um gestor”, disse Bolsonaro ao mencionar o militar que, na qualidade de ministro interino da Saúde alterou os protocolos do órgão e permitiu o uso da cloroquina com o aparecimento dos primeiros sintomas do novo coronavírus.

Segundo Bolsonaro, o problema da cloroquina tem sido, na verdade, o debate político que surgiu na comunidade científica em relação à sua eficácia contra a covid-19.

“Se não tivesse sido politizado, muitas mais vidas poderiam ter sido salvas”, garantiu o Presidente brasileiro.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 3,6 milhões de casos e 114.744 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infetou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.