De acordo com uma notícia da Reuters, a Open Orphan (ORPH.L), a Imperial College London, a “task force” do governo britânico e a companhia clínica hVIVO juntaram-se em fevereiro de 2021 para testar a reação imunitária de um grupo de 36 jovens saudáveis, entre os 18 e os 30 anos, à estirpe original do vírus SARS-CoV-2, sendo monitorizados nos 12 meses seguintes. Segundo foi divulgado esta quarta-feira pelos líderes do estudo, foi possível concluir que não ocorreram acontecimentos adversos graves e que o modelo de estudo do desafio humano demonstrou ser seguro e bem tolerado em adultos jovens saudáveis.
Não é a primeira vez que este tipo de testes é feito: ao longo da história da humanidade vários cientistas recorreram a testagens para conseguir aprofundar o conhecimento sobre diversos tipos de doenças como a gripe, a malária e a cólera. Desta forma, é possível extrair informação que permite desenvolver tratamentos e vacinação para as respectivas doenças.
Os investigadores britânicos conseguiram apurar cientificamente que os sintomas, na amostra de jovens que reuniram, começam a aparecer, em média, após dois dias desde o momento de contacto com o vírus. Tal sugere que se dá mais cedo do que tem sido sugerido, que o vírus tem um período de incubação de cerca de cinco dias. A infeção surge, normalmente, na garganta, depois nos cinco dias seguintes há um pico da intensidade de infeção, no qual os impactos são mais agudos nas fossas nasais do que na garganta.
Também foi possível garantir, através das observações a análises feitas, que o teste de fluxo lateral (o mais comum feito nos autotestes) é um indicador muito fiável para avaliarmos a presença do vírus infeccioso.
Após a realização dos testes 18 voluntários ficaram infetados e, apesar de não ter havido consequências graves, 16 dos que testaram positivo desenvolveram sintomas como arrepios de frio, congestão nasal, espirros e dores de garganta. Alguns queixaram-se de dores de cabeça e musculares e outra parcela da amostra teve febre e cansaço como sintomas – já 13 dos voluntários queixaram-se de perder o olfato, mas, para a esmagadora maioria, tudo voltou ao normal ao fim de 90 dias.
Chris Chiu, investigador responsável pela testagem, explica que se acredita que as pessoas do grupo etário em análise “são os maiores factores de propagação” da pandemia e que os estudos que lidera “permitem uma investigação detalhada dos fatores responsáveis pela infeção e propagação da pandemia”.
Os investigadores da Imperial referiram ainda que planeiam iniciar um estudo semelhante utilizando a variante Delta. Com o modelo estabelecido, a Open Orphan garantiu que deve conseguir conduzir estudos semelhantes em 2022, sujeitos a ética individual e aprovações regulatórias.
Os resultados deste estudo foram publicados num servidor de 'preprint' e ainda a aguardar revisão por pares.
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