Em declarações à Lusa, o presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa e diretor-geral do Turismo de Lisboa, Vítor Costa, afirmou que a crise pandémica teve impactos negativos na reputação e na imagem da região, com consequências para o turismo e outras atividades, muito por culpa de uma “má condução da situação”.
Vítor Costa sublinhou que esta “má condução” não terá sido propositada, mas “a forma como estas questões foram tratadas”, ao “concentrar [a pandemia] em Lisboa e até de haver propostas para que os turistas viessem a Portugal sem vir a Lisboa”, criou uma ideia nos mercados que “não corresponde à realidade”, colocando o turismo da região “numa situação muito difícil”.
“Há aqui responsabilidades do Governo, porque tratou mal esta situação em termos de um certo abandono de Lisboa e até um certo sacrifício de Lisboa tentando salvar o resto” do país, afirmou, sublinhando não compreender bem “porque demora tanto tempo, com tanta contradição e falta de informação, para que o problema se resolva”.
“Portanto, há aqui uma questão que foi exacerbada e levou a este prejuízo, digamos, reputacional muito grave”, acrescentou.
Para o responsável, o grande trabalho que terá de ser feito no futuro próximo vai ser “reabilitar essa imagem” para a sobrevivência do setor.
A “Lisboa turística”, sublinhou, não tem sequer um número significativo de casos de infeção: “Mas criou uma ideia nos mercados e nós estamos a incidir os nossos esforços em tentar explicar, dentro dos condicionalismos que temos, que isso não é assim”, afirmou, considerando que “não é mais perigoso” visitar Lisboa do que ir a Madrid, Amesterdão ou outra cidade europeia.
O responsável destacou ainda que a associação está solidária com as medidas necessárias “para que o essencial do tecido económico se consiga aguentar”, de apoio às empresas, ao emprego e às questões sociais por parte do Governo, para que não se chegue “ao fim deste ano com o tecido económico completamente destruído”.
Vítor Costa salientou que, apesar da situação, há esperança para “as pessoas que trabalham e que apostaram, nomeadamente no setor do turismo”, e afirmou-se convencido de que “Lisboa continua a ser muito apetecível e a oferecer uma proposta única nos mercados”.
Em junho, quando abriram as ligações aéreas a seguir ao confinamento, eram feitas 134 ligações aéreas semanais e este mês 545, números “ainda distantes daquilo que era a situação existente, mas que são um sinal de esperança”, salientou.
“Para outubro, por exemplo, estão previstas 1.447 [ligações semanais], ou seja, 11 vezes mais do que tínhamos em junho. Mas se nós olharmos para agosto, que é o mês já a seguir, nós temos previstas 961 ligações semanais, sete vezes mais do que aquelas que tínhamos em junho”, realçou.
Nos meses de confinamento, a taxa de ocupação da hotelaria foi inferior a 10% e “a maior parte dos hotéis continua encerrada, outros adiaram as suas aberturas a partir do momento em que esta comunicação foi orientada, em que o problema foi mal gerido”, notou.
A região de turismo lançou a campanha “Encontrei Lisboa”, essencialmente dirigida ao mercado interno, apesar da noção de que “o mercado interno é exíguo e pequeno e toda a gente o está a disputar”.
“Ainda por cima, no nosso caso, um terço dos residentes no território nacional moram na nossa região e são sobretudo potenciais turistas de outras regiões”, disse.
A campanha também está a ser lançada em Espanha, o único mercado que pode deslocar-se a Portugal sem ser por transporte aéreo.
A entidade está também a apostar em mercados relevantes e onde não há restrições, como a França, a Espanha, a Alemanha e a Itália, considerando que “podem agora dar algum fôlego ou algum ânimo no imediato” ao turismo.
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