Em comparação com os dados de domingo, em que se registavam 1.479 mortes, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,4%. Já os casos de infeção, mais 192, subiram 0,6%. Taxa de letalidade global é de 4,3% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 17,5%.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo (13.222), onde se tem registado maior número de surtos, há mais 149 casos de infeção (+1,1%). A região Norte tem 39 novos casos a região Centro três. No Alentejo e no Algarve não foram identificados novos casos.
Na região autónoma dos Açores foi reportado um novo caso, aumentando o total para 142, sendo que na Madeira não há novos casos a registar, mantendo-se nos 90.
Há 303.136 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere o boletim, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 21.156 (mais 161). Do total de casos ativos, 3% estão internados, sendo que 0,5% estão internados em Unidades de Cuidados Intensivos e 2,5% em enfermaria.
Quando aos óbitos, o boletim hoje divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) indica que foram registadas mais seis mortes, para um total de 1485 desde o início da contagem em Portugal, cinco na região de LVT e uma na região Norte.
Lisboa continua a ser o concelho do país com mais infetados, num total de 2.640 (mais 26 do que no domingo).
Durante a conferência de imprensa dedicada à divulgação do boletim epidemiológico da DGS, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, indicou que a região de Lisboa e Vale do Tejo representa "representa cerca de 78% dos novos casos em Portugal", havendo necessidade de "atenções redobradas em Loures, Odivelas, Amadora, Sintra e Lisboa".
O aumento de casos hoje anunciado, porém, é o mais baixo a ser registado desde 25 de maio, quando foram detetados 165 novos casos.
Face estes dados, António Lacerda Sales admitiu que os números são "aparentemente, mais animadores", mas sublinhou que a experiência acumulada ao longo dos últimos meses de pandemia mostra que "à segunda-feira regista-se uma certa subnotificação de casos devido ao fim de semana, o que não podemos deixar de ter em conta".
Tendo esta ressalva em conta, o secretário de Estado da Saúde disse esperar que "os números se mantenham na ordem de grandeza dos dias anteriores" e alertou para a possibilidade de que se "leve ainda algum tempo até que comece a haver um decréscimo significativo" do número de novos casos. "Temos de ser cautelosos na apreciação destes números", acrescentou.
O governante indicou que o esforço das autoridades de saúde está centrado em "identificar contactos próximos de forma a quebrar cadeias de transmissão ativas", algo que é considerado "tão importante como saber onde estão estes casos novos" nesta fase.
Lacerda Sales indicou ainda que desde dia 1 de março, foram realizados cerca de 936 mil testes de diagnóstico à covid-19 e que média de testes realizados na passada semana foi de 13100 por dia.
Reabertura das escolas e das creches tem sido pacífica, registaram-se apenas "situações individuais"
Questionada quanto a um possível aumento de casos motivado pela reabertura das escolas e das creches, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, defendeu que tal não ocorreu e que o processo tem decorrido de forma "pacífica do ponto de vista de casos”.
Segundo Graça Freitas, identificam-se casos isolados, atua-se em conformidade e não se têm verificado cadeias de transmissão.
“Temos tido reporte de situações individuais. Um caso numa escola, numa turma, por exemplo, seja de um aluno seja de um educador e isso tem levado a uma intervenção muito rápida das autoridades de saúde com uma indicação muito clara neste momento: em meninos mais crescidos vai a turma toda para casa, ficam em isolamento e são feitos testes a todos”, explicou.
Além da turma, são feitos testes a todos os contactos próximos que possam existir, adiantou a diretora-geral da Saúde.
Relativamente aos “meninos muito pequeninos das creches”, Graça Freitas disse que não são testados, a não ser que desenvolvam sintomas, mas também ficam em isolamento 14 dias.
“Até agora a retoma em meio de creche em meio escolar está a ser, enfim, dentro do que é esperado, e, uma vez que o vírus ainda circula na comunidade, vamos ter casos esporádicos, ou não, e, portanto, a situação é normal neste momento”, rematou Graça Freitas.
Governo recusa aumentar fiscalização e não comenta críticas
Antecipando-se um período de feriados — 10 de junho é Dia de Portugal e 11 de junho é Dia do Corpo de Deus — e do gozo de férias por parte de muitos portugueses, António Lacerda Sales foi questionado quanto à possibilidade de aumentar o número de ações de fiscalização ou de sensibilização para conter possíveis excessos.
Em resposta, o secretário de Estado da Saúde disse não é intuito do Governo "impedir a mobilidade das pessoas", sendo que esta terá de ser feita "feita com organização, com sentido de responsabilidade e sentido cívico, como aliás tem sido sempre feita".
Lacerda Sales admitiu que, no que toca às ações de sensibilização, que poderá "haver uma maior insistência junto de locais mais específicos, onde ainda são existentes alguns focos", mas que a sensibilização é algo que o Governo faz "todos os dias".
Já face às críticas do presidente do PSD, Rui Rio, que questionou o critério para “permitir ajuntamentos” em tempos de pandemia, na sequência das “manifestações de esquerda” durante o fim de semana, o secretário de Estado da Saúde disse não "comentar intervenções de outros agentes políticos",
"É importante continuar a fazer o apelo para que sempre que haja aglomerados destas pessoas, isto seja feito com regras, com organização e que sigam as orientações da DGS", comentou Lacerda Sales, não querendo colocar proibições a ajuntamentos porque "não estamos em estado de emergência".
Testes serológicos "devem ser usados com parcimónia e em condições controladas"
Instado a comentar a posição do Infarmed, que hoje alertou para os riscos do aumento da oferta de testes serológicos em Portugal, Lacerda Sales disse que foi a "correta" a tomar.
"Estes testes devem ser usados com parcimónia e em condições controladas, devem ser feitos de uma forma organizada e não aleatória, porque o importante é ver qual é o grau de imunização em termos de grupo e de comunidade", frisou o secretário de Estado da Saúde.
Em causa está o registo de mais de 50 marcas de testes serológicos rápidos, com certificação CE — conformidade de um produto com a legislação harmonizada da UE — no Infarmed. Para Lacerda Sales, "é preciso ter cuidado" com estes testes, porque, "feitos de uma forma individualizada, podem dar à pessoa uma falsa sensação de segurança".
"A importância deste tipo de testes é, em termos de saúde pública, muito alta, mas para o indivíduo é muito baixa", completou o governante, indicando que devem ser apenas realizados para "efeitos de vigilância epidemiológica".
Centenas de pessoas realojadas em estruturas de apoio para cumprir isolamento
Questionado quanto ao estabelecimento de habitação alternativa para pessoas sem condições para cumprir isolamento em sua casa, Lacerda Sales admitiu que, "em relação às estruturas de retaguarda" para esses casos, o Governo ainda não tem "esse número com precisão"
O governante destacou, porém, que as autoridades de saúde tiveram desde o início da pandemia várias estruturas preparadas, "como as pousadas de Juventude de Lisboa, de Oeiras, de Almada, de Setúbal o Inatel da Foz do Arelho, o Inatel de Almada, a base militar da Ota a Base Naval do Alfeite e até o Hospital de Belém que ainda está preparado para essas situações".
“Tivemos mais de 1.000 camas disponíveis e preparadas para acolher se houvesse necessidade e foram várias centenas de pessoas que tiveram de ser realojadas nestes locais”, disse o secretário de Estado da Saúde.
“Nenhuma destas estruturas ficou completamente cheia e, portanto, continuam disponíveis caso existam determinações por parte das autoridades de saúde pública para realojamento seja de doentes positivos, seja de doentes negativos, quando os positivos ficam em casa”, sublinhou ainda.
Já quanto à situação na central da fruteira do Bombarral, António Lacerda Sales afirmou que no domingo foi terminado o processamento dos 274 testes realizados, 20 dos quais deram positivo.
Segundo o governante, ainda no domingo a autoridade local de saúde deslocou-se a esta central, foi feita a respetiva vistoria e foi decidido que se manteria a laborar com as condições de segurança que são exigidas nesta matéria.
Vão ser disponibilizados dados quanto a número de recuperações por concelho
A promessa foi feita por Graça Freitas, tendo a diretora-geral da Saúde recordado que este tem sido "um longo processo" no que toca também à disponibilização de dados.
"O enriquecimento da informação ao longo destes quatro meses foi enorme", apontou Graça Freitas, indicando que a discriminação dos dados de recuperados por concelho "implica a criação de grandes plataformas informáticas e de grande capacidade dos médicos e de toda a gente registar nessas plataformas" para depois se conseguir fazer "a desagregação por freguesia, concelho, bairro ou unidade".
A diretora-geral da Saúde garantiu que essa disponibilização de dados "vai ser feita", tal como a publicação de uma orientação para os Centros de Dia, espaços que acolhem muitos idosos que neste momento estão em isolamento em casa.
"É uma daquelas situações que está neste momento a ser alvo de avaliação e que sairá dentro de muito pouco tempo uma orientação concreta, porque sabemos todos que corresponde a uma necessidade das famílias e das pessoas", disse Graça Freitas.
O boletim ao detalhe
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.948, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 13.222, da região Centro, com 3.826, do Algarve (389) e do Alentejo (268).
Os Açores registam 142 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A região Norte continua também a ser a que regista o maior número de mortos (807), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (403), do Centro (244), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de domingo, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 749 vítimas mortais são mulheres e 730 são homens.
Das mortes registadas, 1.004 tinham mais de 80 anos, 283 tinham entre os 70 e os 79 anos, 131 tinham entre os 60 e 69 anos, 47 entre 50 e 59, 17 entre os 40 e os 49. Há duas mortes registadas entre os 20 e os 29 anos e uma na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 366 doentes estão internados em hospitais, menos 32 do que no domingo (-8,1%), dos quais 55 em Unidades de Cuidados Intensivos (menos três).
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.640), seguido por Vila Nova de Gaia (1.592), Sintra (1.615), Porto (1.414), Matosinhos (1.292), Braga (1.256) e Loures (1.236).
Destes concelhos há a destacar o número de novos casos em Sintra, 57, representando quase 30% dos novos casos.
Desde o dia 1 de janeiro, registaram-se 339.624 casos suspeitos, dos quais 1.603 aguardam resultado dos testes.
A DGS regista também 28.791 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 19.864 são mulheres e 15.021 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.860), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.687) e das pessoas com idades entre os 30 e os 39 anos (5.380).
Há ainda 4.790 doentes entre os 20 e os 29 anos, 4.665 com mais de 80 anos, 3.729 entre os 60 e 69 anos, e 2.708 entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 808 casos de crianças até aos nove anos e 1.225 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 39% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 402 mil mortos e infetou mais de sete milhões de pessoas em 196 países e territórios,
Mais de três milhões foram considerados curados pelas autoridades de saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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