“Estamos numa situação mais pesada e complexa do que as duas anteriores que passámos, mas estamos também num momento em que começamos a perspetivar aquilo que serão os resultados da vacinação, que só se alcançarão num prazo de vários meses. Mais um esforço adicional é indispensável para ultrapassarmos esta fase”, afirmou a governante, em Lisboa, à saída de uma reunião com a ‘taskforce’ constituída para a coordenação da vacinação.
O trabalho de identificação de pessoas segundo a idade e respetivas comorbilidades continua em curso, de acordo com a ministra, bem como a preparação de eventuais centros de vacinação adicionais, com o intuito de acelerar o processo de vacinação. A ministra acrescentou ainda que o país tem integrado todos os processos europeus de aquisição de vacinas.
“O país já manifestou o seu interesse nas quantidades adicionais que foram noticiadas e em outras que estão em discussão. Precisamos de continuar com o nosso esforço conjunto de aquisição de mais quantidades e depois completar o processo pela efetiva distribuição e administração”, referiu, aludindo à reserva pela Comissão Europeia de mais 300 milhões de doses, das quais Portugal teria direito a cerca de seis milhões, sendo que já foi contratualizada a aquisição de 22 milhões de doses.
O crescimento exponencial do número de casos na última semana ficou também marcado por um aumento do número de surtos em lares de idosos. Questionada sobre os efeitos que essa situação está a ter no processo de vacinação, Marta Temido admitiu uma corrida contra o tempo, já que as estruturas onde se registam surtos ficam fora neste momento de vacinação.
“Até ao final da semana passada, quando acabámos a administração das doses que tínhamos disponíveis, tínhamos conseguido administrar vacinas em 165 estruturas residenciais para idosos e unidades da rede de cuidados continuados integrados. Nos casos onde há surtos, a vacinação é adiada e estamos, de facto, a correr contra o aparecimento de surtos em estruturas deste tipo, tentando que as pessoas se mantenham livres de doença até à vacinação”, frisou.
No entanto, a governante apelou a que as pessoas se mantenham seguras, numa fase em que existe “uma enorme pressão sobre o sistema de saúde devido aos novos casos”.
O plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal começou em 27 de dezembro nos hospitais, abrangendo os profissionais de saúde, e já se estendeu aos lares de idosos.
A primeira fase do plano, até final de março, abrange também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos. Nesta fase, serão igualmente vacinadas, a partir de fevereiro, pessoas de idade igual ou superior a 50 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.
A segunda fase arranca a partir de abril e inclui pessoas de idade igual ou superior a 65 anos e pessoas entre os 50 e os 64 anos, inclusive, com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, hipertensão arterial, obesidade e outras doenças com menor prevalência que poderão ser definidas posteriormente, em função do conhecimento científico.
Na terceira fase, será vacinada a restante população, em data a determinar. As pessoas a vacinar ao longo do ano serão contactadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Em Portugal, morreram 7.803 pessoas dos 483.689 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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