Em conferência de imprensa conjunta na tarde desta segunda-feira, 9 de março, Eduardo Cabrito e Marta Temido deixaram um conjunto de recomendações à população sobre a realização de eventos em Portugal, sendo elas:
— A não realização de eventos com mais de 150 pessoas em locais em que estamos perante um surto com fenómenos de contágio local, nomeadamente Lousada e Felgueiras. Estes eventos incluem missas, funerais, casamentos ou reuniões, exemplificou o ministro da Administração Interna;
— A não-realização de eventos com mais de 5000 pessoas em espaços públicos;
— A não-realização de eventos à porta fechada com mais de 1000 pessoas;
— Recomenda-se especial atenção a eventos onde marquem presença pessoas provenientes de áreas de risco, (como Itália ou China);
— Recomenda-se ainda aos profissionais de saúde que evitem conferências e eventos médicos não prioritários, "visando a sua plena disponibilidade para a sua participação ativa no apoio aos cidadãos atingidos pelo surto no país", disse Eduardo Cabrita.
"Os profissionais de saúde são a base de qualquer sistema nacional de saúde e, portanto, são especialmente necessários", salientou Marta Temido.
O alargamento de medidas de contenção têm lugar depois de esta tarde terem sido confirmados 39 casos positivos de infeção por coronavírus em Portugal.
Ainda neste âmbito, segundo o Eduardo Cabrita, está prevista "a notificação da suspensão de voos com origem ou destino nas zonas italianas que foram sujeitas a restrições pelo próprio governo italiano". Em causa estão voos de Lisboa, Porto e Faro para Milão, Bérgamo e aeroportos que servem Veneza.
As medidas de contenção relativas a eventos visam diminuir a probabilidade de eventos em que a rastreabilidade de pessoas é mais difícil, explicou Marta Temido, diferenciando estes casos dos de uma escola ou fábrica, onde as pessoas que utilizam o espaço podem ser facilmente identificadas.
"Temos bem consciência que estas são medidas que exigem sacrifício de populações como as que habitam em Lousada e Felgueiras, mas são as medidas que consideramos mais adequadas a proteger os próprios e esperamos que a evolução da situação permita que elas se mantenham no tempo estritamente necessário", acrescentou a ministra da Saúde.
Todavia, a ministra não descartou a possibilidade de estas medidas de maior contenção terem de ser alargadas a outras zonas do país caso que venham a registar surtos como o dos municípios acima referidos.
Na sequência da evolução do surto, foram várias as escolas e serviços e espaços encerrados ou condicionados em Portugal, cuja lista pode consultar aqui.
O total de casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal aumentou hoje para 39, mais nove casos do que no domingo, havendo uma doente com um quadro clínico mais gravoso que se encontra em “vigilância apertada”.
As informações foram transmitidas pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, em conferência de imprensa conjunta com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, na qual foi ainda adiantado que o número de casos suspeitos subiu para 339, dos quais 39 são positivos e 67 aguardam resultado laboratorial.
Dos novos casos hoje confirmados, sete estão na região Norte e os restantes na região de Lisboa e Vale do Tejo.
A maioria das pessoas infetadas encontra-se numa situação clínica estável, sendo que apenas uma inspira "alguns cuidados".
António Lacerda Sales referiu que existem “à data cadeias de transmissão ativas em Portugal”, que têm por base os primeiros casos de infeção, importados de Itália e Espanha.
Segundo o governante existem 10 hospitais de referência para a epidemia de Covid-19, tendo sido já ativados “alguns hospitais de segunda linha” para o combate ao surto e podem vir a ser acionados mais.
“À medida que a situação vai evoluindo são ativadas mais unidades e com a evolução do surto todos os hospitais poderão estar aptos a receber doentes”, disse.
O Hospital de São João, o Hospital de Santo António, o Hospital de Braga, o Hospital Pedro Hispano, o Hospital da Guarda, o Hospital Pediátrico de Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Hospital Curry Cabral, o Hospital Dona Estefânia e o Hospital de Santa Maria são as 10 unidades neste momento ativadas para receber doentes de Covid-19.
António Lacerda Sales referiu também que a região Norte é a mais afetada no país, nomeando o encerramento de todas as escolas de Lousada e Felgueiras, mas acrescentando o encerramento de duas escolas na Amadora e duas no Algarve, para justificar que “as medidas de contingência são tomadas depois de ser feita uma avaliação pelas unidades de saúde de forma flexível, dinâmica e proporcional” que pode determinar, no caso das escolas, por exemplo, encerramentos totais ou parciais.
“As medidas tomadas são sempre suscetíveis de atualização. Importa deixar claro que essas medidas não são arbitrárias e seguem determinadas orientações da Direção-Geral da Saúde e é importante que os portugueses continuem a confiar e a seguir as recomendações da nossa autoridade nacional de saúde”, declarou.
O governante deixou uma saudação aos profissionais de saúde e um agradecimento “à atitude responsável” das ordens profissionais, que têm apelado ao envolvimento de todos os profissionais no combate a este surto”.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro e desde então foram infetadas mais de 110 mil pessoas, mas a maioria já recuperou. A doença provocou até ao momento quase quatro mil mortos, a maioria na China.
Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
A Direção-Geral da Saúde lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.
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