Em comunicado, a Fidelidade diz que a Multicare assinou um acordo com a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) para assistir os seus segurados não referenciados pelo SNS, apesar da prática internacional excluir o risco de pandemia dos seguros de saúde.

A posição da seguradora surge depois da polémica sobre quem pagaria os custos dos doentes que recorreram por sua vontade aos hospitais privados e foram atendidos por estes com a intenção de cobrar ao SNS por ser um serviço no âmbito da pandemia, mesmo sem estarem referenciados pelo Serviço Nacional de Saúde, como as regras estipulam.

A ministra da Saúde esclareceu no sábado que o Estado só vai assegurar os custos de tratamento dos doentes infetados com o novo coronavírus nos hospitais privados nos casos encaminhados pelo SNS, depois de uma reportagem da Sic ter revelado que alguns privados se preparavam para cobrar ao Estado o custo de internamento, testes e exames de todos os utentes diagnosticados com covid-19, mesmo que não sejam encaminhados pelo SNS.

No comunicado hoje divulgado, a Fidelidade informa que o acordo assinado entre a Multicare e a APHP pretende “continuar a assegurar a proteção da saúde dos seus segurados”, “apoiar as unidades hospitalares do SNS, aliviando a sobrecarga sobre essas unidades ao evitar a transferência de doentes covid-19 que não tenham sido referenciados pelo SNS”.

Pretende ainda “assegurar o contínuo apoio ao sistema privado de saúde, o qual tem dado um contributo decisivo para a melhoria dos cuidados de saúde da população portuguesa e cuja estrutura hospitalar será absolutamente decisiva para a fase de recuperação dos tratamentos que ficaram adiados pela pandemia covid-19”, sublinha.

Citado no comunicado, o presidente do Grupo Fidelidade, Jorge Magalhães Correia, lembra que “os portugueses dispõem de um bom sistema público de saúde e de um bom sistema privado de saúde, acessível a faixas alargadas da população, pelo que o esforço conjunto destes sistemas é essencial para vencer os múltiplos desafios que atualmente o país enfrenta”.

Privados disponíveis para mais acordos com seguradoras

Os hospitais privados manifestaram-se hoje disponíveis para assinar com outras seguradoras um acordo semelhante ao estabelecido com a Multicare, que garante o pagamento dos doentes com covid-19 que assistiram sem serem encaminhados pelo Serviço Nacional de Saúde.

Em comunicado, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) diz que o acordo que assinou com a Multicare permite aos segurados desta companhia serem diretamente atendidos nos hospitais privados, aumentando “o acesso dos portugueses a uma oferta diferenciada”.

Este acordo “pretende satisfazer as necessidades dos segurados da Multicare, ao mesmo tempo que se alivia o esforço dos hospitais do SNS, assim contribuindo para um funcionamento mais harmónico do sistema português de saúde”, sublinha a APHP, manifestando-se “totalmente disponível” para estabelecer com outras entidades - seguradoras e subsistemas de saúde - acordos similares.

“Os hospitais privados estão desde a primeira hora a participar ativamente na luta contra a covid-19, sempre no cumprimento das orientações da DGS, e é para nós uma honra servirmos o país nesta hora difícil, seja na cooperação que o SNS entende, seja na contribuição direta para termos um sistema de saúde mais forte, diversificado e acessível”, afirma o presidente da APHP, Óscar Gaspar, citado no comunicado.

A polémica sobre o pagamento dos custos dos doentes que recorreram aos privados por sua vontade e foram atendidos no âmbito da pandemia covid-19 surgiu depois de a televisão Sic ter divulgado uma reportagem com a informação de que os hospitais privados se preparavam para mandar ao SNS a fatura, mesmo sem os doentes terem sido encaminhados pelo serviço público, como ditam as regras.

No sábado, confrontada sobre este assunto, a ministra da Saúde esclareceu que o Estado só vai assegurar os custos de tratamento dos doentes infetados com o novo coronavírus nos hospitais privados nos casos encaminhados pelo SNS.

Os últimos dados divulgados pela APHP, na semana passada, indicam que os hospitais privados receberam 3.882 casos suspeitos de covid-19 desde o início da fase de mitigação da pandemia, em 26 de março. Na altura registavam 129 doentes infetados internados.

Portugal, em estado de emergência até 17 de abril e onde o primeiro caso de covid-19 foi confirmado no dia 02 de março, está na terceira e mais grave fase de resposta à doença (Fase de Mitigação), ativada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária.

Os últimos dados oficiais indicam que Portugal regista 567 mortos associados à covid-19 e 17.448 pessoas infetadas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em todo o mundo.

Dos casos de infeção, cerca de 413.500 são considerados curados.

(Notícia atualizada às 11h40)