Para este especialista do Instituto Leônidas e Maria Deane, que realiza pesquisas em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é provável que esta nova mutação, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) qualificou de “muito preocupante”, já se tenha espalhado em outras regiões brasileiras.

A mutação surgiu na Amazónia, onde o número de internamentos por conta do vírus explodiu nas últimas semanas, principalmente em Manaus.

“Comparamos as amostras e vimos que as que foram coletadas na Amazónia eram ancestrais daquelas que foram vistas no Japão, mas estas haviam sofrido muitas mais mutações. Estamos em processo de conclusão do sequenciamento para confirmar que essas mutações detetadas no Japão estavam realmente presentes antes na Amazónia, mas é muito provável”, disse o investigador, citado pela agência France-Presse.

“Estamos investigando se essa variante é predominante no estado do Amazonas. A análise das amostras de novembro mostra que estaria presente em 50% dos casos da covid-19 neste estado. Quando terminarmos o sequenciamento em dezembro, essa proporção deve aumentar”, acrescentou.

Felipe Naveca lembrou que não é certo ainda, mas é muito possível, que a mutação brasileira seja tão contagiosa quanto as registadas no Reino Unido e na África do Sul porque “observamos muitas mutações na proteína Spike [usada pelo SARS-CoV-2 para penetrar nas células], que já foi associada a esse maior potencial de transmissão do vírus”.

O investigador frisou que o recrudescimento da situação em Manaus, onde o número de casos e mortes voltou a subir nas últimas semanas de forma alarmante, não se deve apenas à nova variante.

“Temos visto um aumento acentuado de casos por causa das festas de Fim de Ano e estamos em uma época em que outros vírus transmissores de doenças respiratórias estão circulando muito a cada ano”, pontuou o especialista.

O investigador ponderou que ainda são há resposta sobre impacto das vacinas nesta variante do novo cornavírus.

“Essa é a pergunta que todos se perguntam agora. Recentemente participei numa reunião da OMS e esse foi um dos tópicos. Até agora não há nada o que mostra que esta variante pode prevenir uma resposta imune após a vacinação “, concluiu.