A task force responsável pela aplicação do plano de vacinação contra a covid-19 quer aumentar a capacidade de administração de vacinas já em abril, na segunda fase do plano, numa altura em que se espera que o número de doses comece a chegar em maior número a Portugal. O problema? Não há enfermeiros suficientes no Serviço Nacional de Saúde para corresponder a este aumento ritmo nos centros de vacinação em massa.
A garantia é dada esta quarta-feira ao jornal Público pelas autarquias de Lisboa, Porto, Cascais, Loures, Sintra, Gaia, das mais populosas do país. O Governo quer mais pontos de inoculação, mas os centros de saúde não conseguem assegurar novas equipas de enfermeiros e médicos para todos os espaços.
Atualmente, Portugal está a vacinar cerca de 20 mil pessoas por dia. O objetivo, seria aumentar este número para 60 mil em abril e superar a barreira dos 100 mil já em maio e junho. Para isso, a task force, segundo avança o jornal, quer ter mais de 150 centros de vacinação em massa. No entanto, sem um reforço dos recursos humanos, não haverá um corpo profissional suficiente para dar resposta a estas metas.
Recordar também que, para além dos enfermeiros, as normas da Direção-Geral da Saúde, estipulam que nestes espaços esteja sempre presente um médico para atuar em caso de reações adversas.
Ao Público, Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, diz que não acredita que haja profissionais de saúde em número suficiente para assegurar a campanha de vacinação em massa, sublinhado que “começámos há três meses e ainda não conseguimos acabar a fase 1”.
Diogo Urjais, presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, também ao jornal, afirma que, no que toca aos recursos humanos, se “já estávamos em défice antes da pandemia”, “sem reforço, vai ser difícil assegurar a vacinação contra a covid-19 sem afetar a atividade assistencial normal”, relembrando que atualmente “os profissionais já estão a fazer horas extraordinárias para poderem vacinar, nomeadamente ao fim-de-semana”.
Face às adversidades as respostas dos autarcas têm sido várias, a Câmara Municipal de Cascais está a contratar enfermeiros para integrarem os dois postos de vacinação no concelho, o Porto respondeu com a criação de um drive thru (vacinar as pessoas sem que elas tenham de sair do carro), com capacidade para vacinar 60 mil pessoas por dia e a Câmara de Sintra celebrou um acordo pioneiro com a Associação Nacional de Farmácias para que farmacêuticos possam integrar as equipas de vacinação dos centros de saúde nesses postos extra.
A resposta levada a cabo pelo município liderado por Basílio Horta tem sido apontada como uma das soluções. Segundo o Público, que cita uma estimativa de Ema Paulino, da direção da Ordem dos Farmacêuticos, em Portugal há cerca de quatro mil farmacêuticos com competência para vacinar. A task force sabe-o e está a equacionar integrar farmacêuticos nos centros de vacinação em massa.
Paulino revela, no entanto, que a aquilo que vai acontecer em Sintra dificilmente acontecerá noutras zonas do país, reiterando que “não há farmacêuticos desempregados e não vamos retirar os que estão nas farmácias para irem para centros de vacinação” e defendendo que “o que faz sentido é vacinar nas farmácias que, aliás, já cumprem as premissas até porque já vacinam contra a gripe, a hepatite, o cancro do colo do útero”, e como acontece noutros países como o Reino Unido ou Estados Unidos.
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