“Vivemos um momento em que devia ser proibido despedir, devia mesmo ser proibido despedir”, disse à Lusa Carlos Silva, a propósito das medidas de apoio económico e social anunciadas na sexta-feira pelo Governo.

Embora admitindo que há “alguma lentidão” no anúncio dos apoios, o secretário-geral da central sindical disse que a União Geral de Trabalhadores (UGT) vê “com satisfação” a forma como o Governo está a gerir a situação.

Na sexta-feira, o Governo anunciou um conjunto de medidas de apoio social e económico devido à pandemia da covid-19, nomeadamente a prorrogação automática do subsídio de desemprego, do complemento solidário para idosos e do rendimento social de inserção, bem como o adiamento para o segundo semestre do pagamento do IVA e do IRC, que teria de ser pago nos próximos meses, para garantir a atividade das empresas e postos de trabalho.

Outra das medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa, foi a suspensão do prazo de caducidade dos contratos de arrendamento de casas que vierem a caducar nos próximos três meses.

O primeiro-ministro disse ainda que "a medida mais eficaz para apoiar o rendimento das famílias é garantir emprego" e, por isso, só as empresas que garantirem manutenção de postos de trabalho podem aceder a linhas de crédito.

Contudo, para a UGT, a par destas medidas que são compreensíveis para que “a economia não rebente”, é importante que “os empresários percebam que este é um momento em que também deve haver uma solidariedade social”.

“Os trabalhadores precisam de ver os seus rendimentos assegurados e não é com despedimentos”, salientou Carlos Silva, considerando que “devia haver uma penalização para todas as empresas que, aproveitando este momento difícil, fazem logo recair o ónus das dificuldades sobre os trabalhadores”.

Por isso, tal como o Governo já definiu, “não devem ter acesso a qualquer medida de bonificação e de apoio”, acrescentou.

Mas, continuou o secretário-geral da UGT, para além desta penalização deveria haver também “uma função de denúncia, de informação ao país, das empresas que estão a ter uma atitude lamentável”.

Pois, insistiu, apesar das associações empresariais considerarem que os despedimentos serão inevitáveis, “mas também é inevitável em tempos de crise" todos estarem solidários.

“Se o Estado foi solidário com as empresas, também tem que olhar para os trabalhadores”, salientou, acrescentando que “não é com selvajaria empresarial” que se resolvem os problemas do país.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 291 mil pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 12.725 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, conforme informou hoje a Direção-Geral da Saúde, há 12 mortes e 1.280 infeções confirmadas.

O número de mortos duplicou em relação a sexta-feira e registaram-se mais 260 casos no mesmo período.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

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