O alerta da OMS consta de um relatório sobre a investigação e inovação desenvolvidas no âmbito da pandemia da covid-19 hoje apresentado num fórum mundial que reuniu cientistas, especialistas em regulação, financiadores e decisores políticos.
“São urgentemente necessárias vacinas adicionais. Muitas abordagens atuais são altamente promissoras e exequíveis, no entanto, a rapidez com que são desenvolvidas dependerá da disponibilidade de recursos”, adianta o documento.
Segundo a organização liderada por Tedros Adhanom Ghebreyesus, é necessário garantir que as possíveis novas vacinas adaptadas à Ómicron “estarão disponíveis” também para os países em desenvolvimento, cabendo aos investigadores uma “melhor compreensão” sobre a propagação e transmissibilidade dessa variante.
“A investigação sobre vacinas tem de conseguir o controlo da pandemia”, refere o relatório, que alerta para a necessidade de a comunidade científica fazer uma “avaliação contínua das ameaças (transmissibilidade, virulência e capacidade de evasão da imunidade dos vacinados ou infetados) da Ómicron.
Esta avaliação “terá implicações no desenvolvimento, avaliação e implantação de vacinas” contra a covid-19, refere ainda OMS.
O relatório considera ainda que os tratamentos ambulatórios eficazes “são essenciais” controlar a atual e futuras pandemias, destacando os ensaios clínicos que têm sido desenvolvidos para limitar a progressão da doença e a hospitalização e aliviar os sintomas.
Para alcançar este objetivo, a OMS defende o “desenvolvimento e a sustentabilidade dos centros de investigação em todo o mundo para a realização de ensaios em ambulatório como parte integrante do sistema de saúde”.
De acordo com o documento, a OMS continua também a trabalhar em estreita colaboração com parceiros do setor da saúde animal para compreender as origens do coronavírus SARS-CoV-2, monitorizar a sua circulação nas populações animais e desenvolver estratégias para impedir a transmissão entre animais e seres humanos.
“Apesar dos esforços em curso, continuam a existir lacunas de conhecimento substanciais relacionadas com estes riscos e a coordenação desta área é mais importante do que nunca”, adianta o documento.
De acordo com o relatório, desde o início desta pandemia, um foco fundamental do trabalho da OMS tem sido compreender as características de transmissão da SARS-CoV-2 e a gravidade da covid-19.
“À medida que entramos no terceiro ano da covid-19, estas questões continuam a ser fundamentais para informar e otimizar as respostas globais, nacionais e subnacionais. As principais questões de transmissão, gravidade e suscetibilidade permanecem críticas à medida que a SARS-CoV-2 evolui e surgem novas variantes”, reconhece a OMS.
A OMS avança que o rácio de mortalidade por infeção tem diminuído constantemente ao longo do tempo, principalmente em resultado de imunidade, do diagnóstico precoce e do uso de tratamentos disponíveis nos sistemas de saúde.
“Além disso, a Ómicron parece intrinsecamente menos severa do que as variantes anteriores”, refere ainda a OMS, adiantando que as medidas de saúde pública e sociais são uma estratégia-chave para “reduzir a transmissão de agentes patogénicos com potencial epidémico ou de pandemia”.
De acordo com o relatório, estas medidas, ao reduzirem o número de pessoas que ficarão doentes, necessitam de hospitalização ou morrem da doença, aliviam a pressão sobre o sistema de saúde e “permitem ganhar tempo para desenvolver intervenções farmacêuticas como vacinas e medicamentos”.
O relatório reconhece também que a proliferação das variantes de preocupação e de interesse constituiu o “maior desafio no último ano”, uma vez que para cada variante foi feita a avaliação do seu impacto na doença e nas vacinas.
“As vacinas covid-19 seguras e eficazes foram desenvolvidas a uma velocidade sem precedentes, com as primeiras vacinas a ocorrerem menos de um ano após a identificação da SARS-CoV-2. Tal foi possível graças a uma ampla colaboração e cooperação entre várias partes interessadas”, salienta a OMS.
Ao nível da investigação, a OMS preconiza investimentos a longo prazo a nível global que preparem para o surgimento de qualquer vírus futuro.
“Não podemos evitar completamente os surtos ou as pandemias, mas podemos estar muito mais bem preparados e melhor coordenados na resposta a possíveis futuros surtos e na sua prevenção para que sejam detetados numa fase precoce”, adianta o documento.
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