Tosse, espirros, dores de cabeça, febre. Os sintomas são conhecidos de todos, mas agora paira uma dúvida no ar: será gripe ou Covid-19? A diferença está no vírus e já é possível fazer um teste que permita o diagnóstico — tal e qual como aqueles que invadiram os dias nos últimos tempos, com zaragatoa e cassete.

Neste momento, há dois tipos de testes registados em Portugal: os de uso profissional — que podem ser feitos em ambiente hospitalar e também em farmácias — e os autotestes, que podem ser feitos em casa.

Ao SAPO24, o Infarmed especifica que "os dispositivos para diagnóstico in vitro são registados pelos operadores económicos (distribuidores, mandatários e fabricantes), de acordo com o enquadramento legal aplicável a nível europeu". Ou seja, "se o seu fabricante os destina a uma utilização profissional, serão avaliados e registados como tal, o mesmo acontecendo com os dispositivos destinados ao autodiagnóstico".

"Assim, é o fabricante do dispositivo que determina a sua finalidade, isto é, a uso profissional ou a uso por leigos. Note-se que este enquadramento será igual para todos os Estados-Membros", adianta.

Os autotestes duplos

O Infarmed referiu, em outubro, que "foram identificados os registos de dispositivos destinados ao autodiagnóstico (datados de outubro deste ano) por parte de distribuidores portugueses, de duas referências de produto dos fabricantes Hangzhou AllTest Biotech Co., Ltd. (Ref. ISIN-525H) e Jiangsu Medomics Medical Technology Co.,Ltd. (Ref. 1041-14-01)", sendo este último o mais utilizado neste momento, segundo os distribuidores.

Contactada pelo SAPO24, a empresa distribuidora Medicanorte, que faz a cobertura "desde o Porto até Valença", frisa que "este teste está a substituir o autoteste normal à Covid-19".

"O outro já está mais parado e este está a ter mais movimento nesta altura, mas começámos [a distribuir] no início de novembro", adianta a mesma fonte.

Todavia, "não é muita coisa". "Em novembro vendemos 300 e neste momento já vai em 1200, mas não tem nada a ver com o que se viveu o ano passado", explica.

Também a Farma+, que faz a distribuição em todo o território continental e nas ilhas, refere que tem havido uma "procura residual" por parte das farmácias.

"Temos algumas vendas, mas acabam por não ter uma grande expressão. Na verdade, nunca teve uma grande expressão se compararmos com o que aconteceu há alguns meses, em que havia muita procura deste tipo de rastreios", adianta fonte da empresa.

Contudo, neste momento, vende-se "mais testes Covid+influenza do que só Covid", mesmo que sejam "um bocadinho mais caros, mas pelo menos as pessoas têm a perceção de qual a patologia".

Por sua vez, "os testes profissionais quase deixaram de ser procurados pelas farmácias, também porque deixaram de ser comparticipados".

Em novembro, quando o SAPO24 contactou outro dos distribuidores destes autotestes, a empresa Nimervima, foi referido que a distribuição a nível nacional ainda não tinha acontecido.

"Na verdade, aqui em Portugal não se tem distribuído material, não tem havido procura. Nenhuma farmácia está a vender este teste por falta de obrigatoriedade [de testagem] nas medidas atuais", explica.

Contudo, em Espanha é diferente, já que "algumas cidades ainda têm obrigatoriedade de as pessoas serem testadas para certas atividades", pelo que o país "acaba por ter mais vendas", embora também sem grande expressão.

Os testes de uso profissional

"De acordo com a informação de registo de Dispositivos Médicos no Infarmed, que poderá ser consultada através da plataforma infoDM, este tipo de testes já se encontra disponível (comercializado) em Portugal, existindo vários dispositivos médicos para diagnóstico in vitro destinados à deteção de antigénios de vários vírus para além do SARS-CoV-2, como o vírus sincicial respiratório (VSR), influenza A e influenza B", confirma o Infarmed ao SAPO24.

"A título de exemplo, chamamos a atenção para a lista de testes rápidos de antigénio (TRAg) de uso profissional disponíveis em Portugal, que inclui também testes que permitem e deteção de outros vírus para além do SARS-CoV-2, com a utilização de amostras nasofaríngeas e nasais", acrescenta.

O Infarmed lembra ainda que "para os dispositivos médicos para diagnóstico in vitro não é necessária a autorização para efeitos de colocação no mercado pelas Autoridade Competente, desde que ostentem a marcação CE como indicação de conformidade com os requisitos legais aplicáveis".

Desta forma, "a declaração da sua conformidade é responsabilidade do fabricante, tendo por base uma avaliação da conformidade", mas "é obrigatório o registo no Infarmed".