“Embora a maior parte dos estudos já realizados sobre a distribuição social da covid-19 sejam baseados em dados preliminares, uma conclusão parece emergir: a infeção por covid-19 é marcadamente desigual, afetando os territórios e as comunidades mais vulneráveis”, referiu Marta Temido.

Falando na cerimónia comemorativa do Dia Mundial da Saúde, que decorreu em formato virtual, a governante adiantou que investigações desenvolvidas nos Estados Unidos e no Reino Unido indicam que os grupos dos designados BAME (black, asian and minority ethnic) “foram expostos a um risco acrescido de contágio” do novo coronavírus.

No que se refere a Portugal, um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública de 2020 sugere que os “concelhos com menor taxa de desemprego, maior taxa média de rendimento e menor desigualdade de rendimento são também os locais onde existem menor número acumulado de casos positivos” de covid-19, avançou Marta Temido.

“É o padrão comum das doenças infetocontagiosas”, adiantou a ministra da Saúde, para quem este é, sobretudo, um “desafio latente dos sistemas de saúde e que a pandemia veio expor e amplificar”.

No encerramento da cerimónia, a governante defendeu ainda que o investimento em saúde “é também um investimento” que passa por várias áreas, apontando os exemplos da educação, da habitação, dos transportes públicos, do trabalho justo e proteção social, do ambiente e clima, da saúde animal, da economia sustentável e da sociedade digital e inclusiva.

Segundo Marta Temido, “este é um caminho que o Governo pretende continuar a percorrer nas escolhas estratégicas realizadas”, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19 e que prevê um investimento total de 1.383 milhões de euros especificamente para reforçar a capacidade do SNS.

Ao nível da saúde de proximidade, a ministra destacou ainda a “aposta do Governo” nesta área e que pretende ser aprofundada com o desenvolvimento dos sistemas locais de saúde, em cooperação com os municípios.

“A disponibilidade de um sistema de saúde baseado na cobertura universal, na oferta da generalidade dos cuidados e num modelo público e financiado por impostos, garante maior proteção no momento da necessidade de cuidados de saúde, independentemente da capacidade individual de pagar”, preconizou.

Por isso, considerou Marta Temido, o reforço do SNS “é essencial para responder a todas as necessidades de saúde sem deixar ninguém para trás em todas as áreas, em especial, naquelas onde as vulnerabilidades são maiores”, como é o caso da saúde mental.