Na nota enviada na quarta-feira às escolas e publicada na página oficial da direção-geral, a DGEstE “aconselha a ponderação sobre a oportunidade e conveniência de se realizarem visitas de estudo e outras deslocações ao estrangeiro, em particular a países ou a zonas com maior incidência de casos de infeção”.
À Lusa, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) afirmou que, até ao momento, as escolas não receberam nenhuma comunicação relativa ao Covid-19, além desta recomendação e de um cartaz informativo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), dirigido às crianças e jovens.
“Nós, diretores, estamos a acompanhar ao minuto o evoluir da situação, aguardando que a tutela nos faculte mais informações e os procedimentos a adotar”, sublinhou Filinto Lima, acrescentando que as escolas se têm limitado a promover, por iniciativa própria, ações de sensibilização dirigidas aos alunos e encarregados de educação, em parceria com médicos e enfermeiros dos centros de saúde locais.
No mesmo sentido, Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) considerou que o mais importante que as escolas podem fazer neste momento é informar a comunidade escolar sobre a epidemia.
“Temos tentado, a todo o custo, evitar o alarme social e racionalizar a situação junto dos pais e dos alunos” disse à Lusa o diretor da associação, acrescentando que o reforço dos cuidados de higiene nas escolas também tem sido uma preocupação.
Sobre a recomendação da DGEstE, Manuel Pereira adiantou que a realização de visitas de estudo ao estrangeiro já era uma situação à qual os diretores das escolas estavam atentos, contando à Lusa que no início da semana o Agrupamento de Escolas de Cinfães, que dirige, cancelou a viagem de um grupo de alunos e professores que ia visitar uma escola na região italiana da Toscana.
O primeiro-ministro também desaconselhou hoje as viagens de estudantes na altura da Páscoa, apesar de sublinhar que, numa altura em que não há nenhum caso confirmado em Portugal, não se justifica fechar fronteiras ou escolas, afirmando a importância de agir sem “pânicos desnecessários” na questão do coronavírus.
O Ministério da Educação confirmou à Lusa que ainda não foram transmitidas às escolas indicações adicionais, além das recomendações gerais de prevenção contra o Covid-19 da Direção-Geral de Saúde, com quem a tutela tem mantido contacto para definir um plano de ação assim que a DGS considere justificável.
O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de 2.800 mortos e mais de 82 mil pessoas infetadas, de acordo com dados reportados por 48 países e territórios.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) registou 25 casos suspeitos de infeção, sete dos quais ainda em estudo.
Os restantes 18 casos suspeitos não se confirmaram, após testes negativos.
No seu primeiro boletim diário sobre a epidemia, divulgado na quarta-feira, a DGS indicou que, “de acordo com a informação atual, o risco para a saúde pública em Portugal é considerado moderado a elevado”.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.
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