Os dados referentes às últimas 24 horas foram comunicados com um atraso de várias horas relativamente ao que é habitual devido a um erro informático europeu.
Portugal regista assim 1.474 mortes, mais nove do que na sexta-feira, e 34.351 infetados, mais 382 relativamente ao último boletim. Das nove mortes, oito foram na região de Lisboa e um na região Norte.
Dos 382 novos casos reportados estão distribuídos regionalmente da seguinte forma: Lisboa e Vale do Tejo (345), Norte (21), Centro (10), Alentejo três, Algarve dois e Açores um. A Região Autónoma da Madeira não registou novas infeções nas últimas 24 horas.
Assim, Lisboa e Vale do Tejo (LVT) continua a ser a região do país com mais casos diários detetados de infeção por covid-19, com 90%, concentrados essencialmente nos concelhos de Amadora, Loures, Lisboa, Odivelas e Sintra. É o quarto dia consecutivo com mais de 300 casos. A última vez que Portugal registou números semelhantes foi em abril.
Sobre este tópico em concreto, a ministra da Saúde, Marta Temido, na segunda conferência de imprensa do dia relativamente à situação da pandemia no país — poderá recordar a primeira aqui —, explicou que se trata de uma situação "expectável" pelo que é esperado que nos próximos dias os números se "mantenham elevados" — só depois é que se deve começar a verificar uma descida.
"Temos promovido o rastreio prioritário e intensivo da infeção por SARS-CoV-2 nestes concelhos [Amadora, Loures, Lisboa, Odivelas e Sintra], atividades e pessoas. Em pouco mais de cinco dias realizámos cerca de 14 mil colheitas de amostras biológicas", revelou a ministra.
"Resulta de três causas prováveis: atraso na curva epidémica na região, estratégia intensiva de rastreio na região e especificidades associadas às características dos novos casos, predominantemente, jovens em idade ativa e assintomáticos. Ao longo dos próximos dias manteremos a estratégia de intervenção de proximidade e a informação sobre a mesma, mas queremos deixar uma mensagem de tranquilidade", adicionou.
Segundo os dados avançados pela ministra da Saúde, já foram processadas amostras e comunicados os resultados de 4.649 colheitas de material biológico, com uma percentagem de casos positivos na ordem de 3,9%. Paralelamente, confirmou o setor da construção civil como um dos alvos desta campanha, em função dos resultados dos inquéritos epidemiológicos realizados nas últimas semanas.
"Desenhámos uma operação de rastreio massiva orientada para esta atividade. Sabemos que vai inflacionar os números durante alguns dias, mas temos a expectativa de que consigamos o fim último das operações de saúde pública: não só testar, mas isolar, tratar e acompanhar os casos e os conviventes sociais e familiares. Penso que será uma operação que poderemos concluir nos próximos dias e que o problema estará relativamente ultrapassado", vincou.
Questionada sobre a ausência de previsão de medidas mais restritivas para a região de Lisboa e Vale do Tejo, apesar de uma assumida expectativa de aumento dos novos casos, Marta Temido rejeitou o cenário de um crescimento exponencial e salientou a mobilização das autoridades de saúde locais e do INEM.
"Esta estratégia de testes teria de ter como resultado um conjunto de casos que eram assintomáticos, mas que existiam e que agora vamos procurar seguir. Tudo indica que a situação está controlada. Esperamos acompanhar o abrandar destes casos ao longo dos próximos dias. Com aquilo que sabemos, não estão em causa outro tipo de medidas, mas estamos num contexto em que só um novo tratamento ou uma vacina resolverão a situação em definitivo", concluiu.
O número de casos internados é agora de 414 e o número de internados em cuidados intensivos é de 57. O número de recuperados situa-se nos 20.807 (mais 281 do que ontem).
Em comparação com os dados de sexta-feira, em que se registavam 1.465 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,6%. Já os casos e infeção subiram 1,1%.
"Portugal vai pender para uma situação de controlo que não é zero casos"
Questionada pelo SAPO24 sobre a afirmação de que Portugal "está à beira de controlar a situação epidémica" e se faz sentido passar esta mensagem quando o número de casos positivos diários tem aumentado nos últimos dias, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, esclareceu que existe um "planalto" persistente.
"Quero aqui realçar dois conceitos totalmente diferentes. Uma coisa é eliminar uma doença — que é essa doença passar para zero casos — outra coisa é deixar de ter uma atividade epidémica crescente e tender para aquilo que nós chamamos uma atividade endémica, ou seja, um pequeno número de casos que vai persistindo ao longo do tempo até que, de facto, se descubra uma vacina ou exista um tratamento efetivo ou a população não fique maioritariamente imunizada", começou por explicar.
"Portanto, quando nós falamos em ter uma doença controlada ou em vias de controlar, quer dizer que não temos um crescimento exponencial, temos um número de incidências que neste caso é em planalto. Não é estável e tão baixo como desejaríamos, mas não é de facto um crescimento exponencial", afirmou.
A diretora-geral da Saúde alongou ainda que a nível nacional não se está a assistir a "uma atividade epidémica ou uma subida", mas que como se está ativamente "à procura de novos casos" e a "isolá-los, a procurar os seus contactos", as autoridades da saúde estão "convictas" de a epidemia em Portugal vai pender para uma situação de controlo que não é zero casos.
"É ter a situação não epidémica e não com tendência crescente", concluiu.
Esta noção, de resto, já tinha sido partilhada no início da conferência, quando a ministra da Saúde tinha reiterado que "estamos longe de um crescimento exponencial" na região de Lisboa e que o aumento de casos é o "resultado da estratégia" adoptada, isto é, o rastreio intensivo.
Quanto aos jovens da região, Marta Temido adiantou que estão em colaboração com as forças de segurança, e que haverá uma "articulação mais intensa entre as forças de segurança e as autoridades de saúde (...) porque há relatos que determinadas zonas não têm estado a respeitar as regras gerais".
Máscaras não trazem imunidade
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, alertou para os riscos das manifestações na propagação da covid-19, na sequência dos protestos contra o racismo que se realizaram hoje em algumas cidades portuguesas, reiterando a necessidade de distanciamento social.
"Acabei de ver imagens de manifestações e movimentos na cidade de Lisboa. O controlo da doença depende do comportamento das pessoas. Seja em festas ou ajuntamentos no exterior, não nos podemos juntar, mesmo com máscaras", afirmou a diretora-geral da Saúde.
Centenas de pessoas desceram esta tarde algumas das principais ruas de Lisboa numa manifestação contra o racismo denominada "Vidas Negras Importam", a evocar, de forma pacífica, os protestos que ocorrem nos Estados Unidos, na sequência da morte do cidadão afro-americano George Floyd, que morreu em 25 de maio depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos, numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
"A máscara é uma medida adicional, ajuda a proteger-nos e é um método de barreira, mas não nos dá imunidade, senão o assunto do mundo estava resolvido. O nosso apelo continua a ser para o comportamento das pessoas, é disso que depende o controlo da epidemia no nosso país, como dependeu nos outros países", reforçou Graça Freitas.
Diferenças entre os números espanhóis e portugueses
Portugal enfrenta uma "situação persistente numa região específica", de acordo com a Ministra da Saúde. Marta Temido. Questionada com uma pergunta que abordava uma comparação com a situação da pandemia em Espanha, a ministra que tutela a pasta da Saúde considera que Portugal respondeu de forma mais rápida e conseguiu chegar a uma situação de controlo primeiro. Porém, indica que é necessário manter a vigilância.
"O nosso país conseguiu controlar a curva mais depressa. [Portugal] controlou a situação a níveis aceitáveis de novos casos por dia por força de medidas bastante assertivas e comportamento por parte de todos. Estamos aqui numa situação persistente numa região específica. Temos de continuar a manter-nos atentos", explicou a ministra da Saúde.
Situação no Bombarral está controlada
Questionada sobre a situação vivida numa central fruteira do Bombarral, no distrito de Leiria, em que se verificam vários trabalhadores infetados pela covid-19, a ministra da Saúde esclareceu que a situação está controlada.
"Estamos a falar de atividades que correm ao ar livre e onde o risco principal deve ser associado às pessoas que têm convívio em habitação conjunta", disse, salientado estar a trabalhar com o Ministério da Agricultura e que a situação se encontrava "controlada".
O Boletim em detalhe
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.855, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 12.818, da região Centro, com 3.799, do Algarve (382) e do Alentejo (266).
Os Açores registam 141 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A região Norte continua também a ser a que regista o maior número de mortos (804), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (395), do Centro (244), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 748 vítimas mortais são mulheres e 726 são homens.
Das mortes registadas, 996 tinham mais de 80 anos, 282 tinham entre os 70 e os 79 anos, 130 tinham entre os 60 e 69 anos, 46 entre 50 e 59, 17 entre os 40 e os 49. Há duas mortes registadas entre os 20 e os 29 anos e uma na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 414 doentes estão internados em hospitais, menos sete do que na sexta-feira (-1,66%), dos quais 57 em Unidades de Cuidados Intensivos, menos um.
A recuperar em casa estão 11.656 pessoas.
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.595), seguido por Vila Nova de Gaia (1.592), Sintra (1.558), Porto (1.414), Matosinhos (1.292), Braga (1.256) e Loures (1.191).
Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 337.333 casos suspeitos, dos quais 1.813 aguardam resultado dos testes.
Há 301.169 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 20.807 (mais 281).
A DGS regista também 29.013 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 19.594 são mulheres e 14.757 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.776), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.610) e das pessoas com idades entre os 30 e os 39 anos (5.309).
Há ainda 4.692 doentes entre os 20 e os 29 anos, 4.639 com mais de 80 anos, 3.673 entre os 60 e 69 anos, e 2.689 entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 772 casos de crianças até aos nove anos e 1.191 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
(Notícia atualizada às 21:34)
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