“É um desespero”, disse a natural de Lamego, lamentando que os voos prometidos pelo Governo filipino que poderiam solucionar alguns dos mais de cem portugueses retidos nas Filipinas estejam a ser continuamente adiados, tendo sido apontada uma nova data para quinta-feira.

“Alguns já conseguiram sair, por Cebu, via Dubai, outros continuam a tentar ir por Manila, outros estão ainda retidos nas ilhas. Desde dia 13 que estamos a tentar sair, a marcar voos, que depois são cancelados e não vemos solução”, salientou.

Daniela Pinto está entre um grupo de uma dezena de portugueses que pernoitou no aeroporto para tentar apanhar o voo prometido para a manhã, que foi adiado para a tarde, posteriormente para a noite e, finalmente, cancelado.

As perspetivas, explicou, não são animadoras, porque caso consigam sair das Filipinas e fazer escala no Dubai ou em Banguecoque, consoante os voos que conseguiram marcar, soma-se a preocupação com o recente anúncio do Governo português de que todos os voos internacionais estão proibidos de aterrar em solo nacional.

“Ficamos à espera de informações daqueles que conseguiram chegar ao Dubai, por exemplo, para saber como fazer a partir daí”, afirmou, referindo que têm sido acompanhados por um representante da embaixada portuguesa em Jacarta, “que também já disse que a situação é muito confusa, por causa de todos os anúncios diários sobre as alterações às restrições”.

O pior, salientou, é que “em Cebu não se consegue marcar voos e também não conseguimos ir para Manila”. “Já não sabemos o que fazer”, concluiu.

Na terça-feira, o Governo filipino liderado pelo Presidente Rodrigo Duterte chegou a indicar um praxo máximo para a saída dos estrangeiros que ainda se encontram nas Filipinas: sexta-feira. Menos de 24 depois, voltou atrás e apontou a data limite para meados de abril.

Na terça-feira, a Lusa falou com um dos grupos que falava numa centena de portugueses" retidos nas Filipinas, "aflitos" e "desesperados", sem conseguirem regressar a Portugal.

Nas Filipinas há a registar mais de 200 casos e 17 mortos devido ao surto de Covid-19. O país adotou desde domingo e durante um mês uma série de medidas restritivas, em especial de entrada e saída na capital, Manila, com várias companhias aéreas a cancelarem os voos.

Muitos tinham gastado praticamente o dinheiro todo em voos, entretanto foram cancelados e que já não sabiam como se iam manter naquele país, apelando a uma resposta do Governo português.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira. No entanto, este número baseia-se na confirmação de três casos positivos nos Açores, mas a Autoridade de Saúde Regional, contactada pela Lusa, sublinhou serem dois os casos positivos na região e adiantou estar em contactos para se corrigir a informação avançada pela DGS, baixando assim para 641.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 194 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 7.800 morreram.