Lavar as mãos, limpar as superfícies e os objetos com regularidade, espirrar para o braço e não para as mãos. O rol de recomendações de segurança feitas em pleno surto do Covid-19 tem sido repetido, e Graça Freitas reforçou essa ideia uma vez mais na conferência de imprensa que decorreu esta quinta-feira na sede da DGS.

“Somos todos chamados a contribuir e a responder às diversas fases desta epidemia”, disse a Diretora-Geral da Saúde, pedindo às pessoas uma vez mais para empregar "medidas simples, mas com impacto indiscutível na proteção da saúde da nossa comunidade”.

Estas medidas passam pela "higienização das mãos, que deve ser mais frequente e mais cuidadosa”, pela "limpeza mais regular das superfícies e dos objetos” e pelas "medidas de etiqueta respiratória, que são não mais do que o cuidado de não passar gotículas para outra pessoa, através da nossa fala, do nosso espirro.” Mas não só.

Graça Freitas deixou um apontamento claro nesta conferência de imprensa: “As pessoas que tiverem sintomas como febre, tosse e dificuldade respiratória devem-se abster de ir trabalhar”.

Para além disso, a diretora-geral da saúde voltou a reforçar a necessidade de empregar "medidas de distanciamento social”, passando estas por "evitar grandes aglomerados de pessoas" e a redução de "contactos sociais no dia-a-dia ao que for considerado estritamente necessário".

Já quanto a "medidas especiais" de isolamento profilático voluntário, casos este seja sugerido pelas autoridades de saúde, Graça Freitas disse que é necessário ficar em casa, o que "significa não ir ao trabalho ou à escola, não utilizar locais públicos e não os frequentar". Quem estiver neste regime "não deve também receber visitas em casa", adiantou.

A Diretora-Geral da Saúde pediu ainda que "quem tiver sintomas", que "utilize o telefone antes de se dirigir a uma instituição de saúde", contactando a linha SNS24 ou o seu médico, assim como para que se "isole de outras pessoas", não partilhando objectos e tentando ficar num quarto em separado.

Servindo também esta conferência para fazer um ponto de situação, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, confirmou os mesmos números presentes no boletim epidemiológico hoje enviado pela DGS, admitindo haver um desfasamento. "Entre a divulgação do boletim e o momento que falamos, poderão existir novos casos porque estamos perante um quadro de epidemia na fase de contenção alargada”, disse o governante.

“Vivemos tempos extraordinários, exigentes e desafiantes”, continuou Lacerda Sales, indicando que, apesar da "a situação de pandemia declarada ontem pela Organização Mundial de Saúde" ser alarmante, o conjunto de "preocupações coletivas" não pode nem deve "condicionar as decisões políticas que o governo tem tomado e continuará a tomar para proteger os nossos cidadãos.”

Todavia, perante episódios relatados na imprensa nacional de pessoas a dirigirem-se a zonas balneares ou outras zonas de grandes aglomerados, o governante lembrou que "pouco vale um plano de preparação nacional se não houver responsabilidade individual”.

O dia de hoje foi marcado pela recuperação de uma das primeiras pessoas internadas no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, infetada pelo Covid-19, sendo considerada curada depois de dois testes negativos.

Não há pormenores quanto à idade ou género da pessoa recuperada, sabendo-se apenas que o paciente foi um dos primeiros internados nesta unidade e que, depois de dois testes negativos à presença do novo coronavírus, teve hoje alta hospitalar.

Quanto a este caso, Lacerda Sales disse ser "um sinal de esperança para todos os que temem pela sua saúde e dos seus familiares nas suas casas".

O CHUSJ é um dos centros hospitalares do país referenciado para receber casos suspeitos com coronavírus, sendo que no Hospital de São João está a ser instalado um hospital de campanha que serve em exclusivo para responder ao surto Covid-19.

O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 78 esta quinta-feira, mais 19 do que os contabilizados no dia anterior, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS, há ainda 637 casos suspeitos, sendo que 133 aguardam resultado laboratorial.

Existem também 4923 contactos em vigilância pelas Autoridades de Saúde. Mantêm-se, até ao momento, as seis cadeias de transmissão ativas.

Face ao aumento de casos, já foi decretada a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.

Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas e foi recomendada a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas. Veja a lista de locais encerrados aqui.

Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.

O Governo português decidiu ainda suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas pela Covid-19 em Itália, o país europeu onde o surto assumiu maiores proporções, tendo já provocado mais de 600 mortos.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos.

Cerca de 117 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.

Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúdeNão se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou ainda um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.