Até sexta-feira, dia cinco de fevereiro, Portugal recebeu 493.050 doses de vacinas contra a covid-19, um número ainda pequeno quando comparado com a quantidade contratualizada e que está prevista chegar ao país durante o primeiro trimestre do ano: 1.900.000 doses.

“Portanto, há ainda quantidade que estavam contratadas e cuja entrega está por confirmar, o que se espera que aconteça”, afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido.

A governante fazia um ponto de situação sobre o plano de vacinação contra a covid-19, após uma reunião, por videoconferência, com a ‘task force’. A reunião foi presidida pelo primeiro-ministro, António Costa.

No que diz respeito à administração das vacinas, a ministra revelou que até às 13h00 havia a registar 397.404 inoculações, "cerca de 292 primeiras doses e 104 mil segundas doses, quase 105 mil". "Números redondos", sublinhou, anunciando que para esta semana estão previstas serem realizadas 120 mil inoculações.

Segundo Marta Temido, “estas administrações de vacina, nalguns casos primeira dose, noutros casos já a vacinação completa, abrangeram residentes e profissionais de estruturas residenciais para idosos, lares, unidades da rede nacional de cuidados continuados integrados e estruturas equiparadas”, designadamente algumas estruturas para cidadãos portadores de deficiência.

“Também houve nestas inoculações já realizadas um número significativo de profissionais de saúde e já estão também aqui incluídas vacinações a pessoas com mais de 80 anos ou com entre 50 e 79 anos e uma das quatro comorbilidades identificadas como prioritárias para esta fase da vacinação”, explicou.

A ministra adiantou que esta semana “está prevista a administração de cerca de 120 mil inoculações”, sendo que o plano “prevê a continuação das vacinações em estruturas residenciais para idosos e similares”.

Nestes casos, “serão administradas segundas doses de vacinas e ainda algumas primeiras doses em situações onde havia estruturas com surtos”, tendo sido necessário aguardar pela sua extinção.

Marta Temido informou que também vão ser administradas doses “a profissionais de saúde, segundas e primeiras doses, focadas naquilo que é a vacina da Moderna”, assegurando ainda que as vacinações “continuarão e se intensificarão a pessoas com mais de 80 ou a pessoas entre os 50 e os 79 anos e uma de quatro comorbilidades associadas”.

A ministra esclareceu que, nestes casos, "aquilo que será a gestão das vacinas implicará que se preservem as vacinas AstraZeneca para pessoas com menos de 65 anos”.

Marta Temido acrescentou que esta semana vai ser, igualmente, iniciada a vacinação “de profissionais de serviços não essenciais”, estando em causa “cerca de 19 mil inoculações”.

Serviços identificaram 957 mil pessoas acima dos 50 anos para vacinar

De acordo com a ministra da Saúde, Marta Temido, “estas listagens foram comunicadas às unidades de cuidados de saúde primários, que começaram já a agendar e convocar as pessoas para a vacinação” contra a covid-19, esclarecendo ainda que há já “40 unidades a trabalhar nestes moldes” e que na terça-feira arrancam outras 59, com total cobertura do território nacional.

“Foram realizados já 2.380 agendamentos e foram enviados 1.677 SMS, tendo 902 pessoas respondido que sim. As pessoas que não estejam inscritas ou não tenham médico de família podem aceder ao médico qu as segue e pedir uma declaração. Já foram carregadas 4.140 declarações deste tipo”, revelou Marta Temido.

A governante reiterou também que a convocatória será feita “através de carta ou SMS dirigida ao telemóvel associado ao número de utente daquela pessoa e que identifica o destinatário da vacina”, existindo um reforço de contacto em caso de ausência de resposta.

Questionada sobre a gestão de ‘stocks’ das diferentes vacinas e a garantia de reservas das vacinas desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e Moderna perante a não recomendação de administração da vacina da AstraZeneca a pessoas acima dos 65 anos, a ministra da Saúde defendeu que o país “tem feito sempre uma gestão que lhe permite garantir que numa falha numa entrega, tem quantidade de ‘stock’ disponível para segundas doses”.

“É uma gestão de riscos e um princípio de prudência. Nem nunca utilizamos as vacinas todas, nem descuramos completamente os ‘stocks’, mas procuramos maximizar aquilo que é o aproveitamento das doses que nos são disponibilizadas”, notou, reconhecendo que as entregas de vacinas confirmadas para o primeiro trimestre “são 1,9 milhões, ou seja, menos do que aquilo que inicialmente” Portugal tinha contratado com as diversas farmacêuticas.

Marta Temido clarificou ainda que a vacina da Pfizer será preferencialmente alocada às estruturas residenciais para idosos, a da Moderna destinar-se-á, sobretudo, a profissionais de saúde, e a da AstraZeneca irá para os profissionais de serviços essenciais (cuja vacinação arranca esta semana e prevê cerca de 19.000 inoculações) e para as pessoas com idades entre os 50 e os 65 anos e uma das comorbilidades identificadas como de risco para a covid-19.

A chegada das primeiras vacinas da AstraZeneca/Oxford

No domingo chegaram a Portugal as primeiras doses da recém-aprovada vacina da Astrazeneca contra a covid-19 (43.200 doses). Até ao final da semana, está previsto chegarem mais de 100 mil novas doses, 87.750 da Pfizer e 22.800 da Moderna, anunciou a ministra.

Recorde--se que a Direção-Geral da Saúde (DGS) considera que, até novos dados estarem disponíveis, a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca deve ser preferencialmente utilizada para pessoas até aos 65 anos de idade.

Numa norma divulgada no seu ‘site’, a DGS acrescenta, no entanto, que "em nenhuma situação deve a vacinação de uma pessoa com 65 ou mais anos de idade ser atrasada" se só estiver disponível esta vacina.

 Critérios para a realização de testes podem ser alargados

“Neste momento, os testes são sobretudo preconizados para os contactos de alto risco e aquilo que pedimos que fosse avaliado tecnicamente era a possibilidade de o teste ser mais abrangente, independentemente do risco do contacto”, afirmou a governante numa conferência de imprensa, na qual fez um ponto de situação sobre o plano de vacinação contra a covid-19, após uma reunião, por videoconferência, com a ‘task force’ para o plano nacional de vacinação contra a covid-19.

Portugal atingiu em janeiro um máximo de testes, que chegou a ultrapassar “os 77 mil num determinado dia”, segundo a ministra da Saúde, que reiterou que a posição do Ministério é a de que “não podemos deixar cair o número de testes”, mesmo perante um abrandamento da situação epidemiológica no país.

“Sabemos que um número elevado de testes é a melhor forma de garantir que mesmo com uma epidemia que parece estar a decrescer, nós continuamos a detetar o mais precocemente possível todos os casos”, frisou, sublinhando: “Temos de intensificar o esforço do lado da oferta para continuar precocemente a identificar muitos casos”.

Por outro lado, Marta Temido assegurou que o país já está a responder de forma mais positiva ao nível dos inquéritos epidemiológicos, depois de uma parte significativa de doentes não ter sido alvo de contacto na pior fase da pandemia, em janeiro. E com o decréscimo do número de casos, a governante perspetivou mesmo “algum alívio” ao nível dos inquéritos epidemiológicos e do rastreio de contactos.

“Tem sido feito um esforço muito significativo ao nível das regiões para melhorar os tempos de resposta com a mobilização de modelos colaborativos de realização de inquéritos, ou seja, num primeiro contacto as pessoas podem ser contactadas por um profissional que está formado para o efeito, mas que depois passa o trabalho - se for necessário - a outro colega. Isso permitiu-nos melhorar bastante o nível de pendências”, explicou.

Marta Temido finalizou a conferência assinalando o “aumento da vacinação nas próximas semanas, e apontando que o “incremento na testagem, mesmo que a epidemia esteja a baixar”, e à melhor resposta possível aos doentes que precisam de cuidados de saúde, sem esquecer a recuperação das “respostas não covid o quanto antes”.

 Marta Temido prefere manter tratamento de doentes em Portugal

“São hipóteses que, obviamente, consideramos com a maior atenção, sendo certo que, por razões de estabilidade do próprio doente e de resposta em saúde junto do meio familiar, preferiríamos garantir o tratamento no nosso país e o mais possível junto de casa. É um esforço que continuaremos a tentar fazer”, disse hoje a governante, a propósito das propostas de auxílio que chegaram de Espanha e da Áustria.

A ministra observou que a posição do ministério segue a visão da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a covid-19 e destacou a aposta no reforço da capacidade instalada do país.

“Iremos procurar garantir primeiro que as respostas sejam ao nível do nosso país. Esperamos que estas duas semanas - que serão ainda semanas de muita pressão sobre os cuidados hospitalares e, sobretudo, os cuidados intensivos - nos permitam manter esta linha de resposta. O que mais nos preocupa é garantir os melhores cuidados aos utentes que deles precisem”, acrescentou.

No entanto, Marta Temido assegurou que Portugal vai continuar a “trabalhar e a articular com vários países da União Europeia apoios e colaborações no âmbito do mecanismo europeu”, além de “cooperações bilaterais”.

Já sobre a manifestação de disponibilidade de médicos reformados para ajudar como voluntários o Serviço Nacional de Saúde na resposta à pandemia, queixando-se de barreiras administrativas a esse apoio, Marta Temido vincou que “todos os profissionais são bem-vindos”. A governante confirmou a receção da carta subscrita por esses profissionais e anunciou que irá encaminhá-la para os prestadores de saúde.

Portugal registou hoje 196 mortes relacionadas com a covid-19 e 2.505 casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a DGS. O boletim da DGS revela também que estão internadas 6.344 pessoas, mais 96 do que no domingo, das quais 877 em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais 12.

Desde o início da pandemia morreram em Portugal 14.354 pessoas dos 767.919 casos de infeção confirmados.