A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deverá emitir um parecer positivo sobre a primeira vacina da covid-19 já a 23 de dezembro. A notícia foi avançada pela agência Reuters e cita uma fonte do governo alemão.
"Sim, a EMA vai terminar a avaliação a 23 de dezembro", disse a fonte, referindo-se à avaliação da vacina da BioNTech/Pfizer.
O jornal alemão Bild também avança com a mesma data. O anúncio foi considerado pelo ministro alemão da Saúde como sendo uma "boa notícia". Jens Spahn adiantou hoje, em conferência de imprensa, que leu a data na imprensa e lhe pareceu "ser plausível", já que é "mesmo antes do Natal".
O ministro tem pressionado o regulador europeu a acelerar a aprovação da vacina, tendo, no domingo, afirmado, em mensagens divulgadas na rede social Twitter, que a Alemanha criou mais de 400 centros de vacinação e ativou cerca de 10.000 médicos e equipas para iniciar a vacinação em massa, mas foi prejudicada pela falta de aprovação do regulador.
O ministro admitiu que a situação foi "especialmente irritante" porque o uso da vacina desenvolvida pela BioNTech, da Alemanha, e pela farmacêutica norte-americana Pfizer foi autorizada em países como o Reino Unido, Estados Unidos ou Canadá, mas ainda está à espera de aprovação da Agência Europeia de Medicamentos, não podendo, por isso, ser usada na Alemanha ou em qualquer um dos 27 países da UE.
Hoje, Jens Spahn aumentou a pressão, juntando-se a uma importante associação de hospitais e legisladores para exigir que a agência aprove uma vacina contra o coronavírus antes do Natal.
"O nosso objetivo é que haja uma aprovação antes do Natal para que ainda possamos começar a vacinar este ano", disse hoje o ministro.
"Uma vacina que foi desenvolvida na Alemanha não pode ser aprovada e ministrada (no país) só em janeiro", reforçou a deputada federal do Partido Democrata Livre, Christine Aschenberg-Dugnus.
Também a Associação Alemã de Hospitais divulgou hoje um comunicado, exigindo que a União Europeia encurte o longo processo de aprovação e emita uma autorização de emergência para a vacina Pfizer-BioNTech.
A EMA agendou uma reunião para 29 de dezembro sobre vacinas, tendo a diretora-geral, Emer Cooke, garantido na segunda-feira que a sua equipa já está a trabalhar "24 horas por dia".
Cooke acrescentou, no entanto, que o prazo para aprovação da vacina está constantemente em revisão, o que sugere que a data pode mudar.
"Pergunto-me se realmente precisamos de esperar até 29 de dezembro para obter a aprovação da vacinação na Europa - a Europa deve tentar obter uma autorização de emergência mais cedo", defendeu, por seu lado, o presidente da associação de hospitais, Gerad Gass.
Parte do problema do regular pode estar no facto de a UE querer dar início à vacinação em todas os seus Estados-membros ao mesmo tempo, mas a Alemanha considera estar mais preparada do que outros.
A ansiedade crescente de Spahn surge numa altura em que a Alemanha tem batido recordes do número de novas infeções e mortes diárias e em que hospitais e grupos médicos de todo o país alertam para o facto de estarem a atingir os seus limites no tratamento de doentes com covid-19.
Hoje, 4.670 pessoas com covid-19 estavam a ser tratadas nos cuidados intensivos alemães.
O país vai entrar em novo confinamento nacional rígido na quarta-feira, com escolas e muitas lojas fechadas até pelo menos 10 de janeiro, para impedir o aumento exponencial de infeções.
A Organização Mundial da Saúde afirma que, para conter a pandemia, é preciso que cada país vacine 60% a 70% da sua população.
O Instituto Robert Koch, a agência alemã responsável pelo controlo e prevenção de doenças, contabilizou hoje 14.432 novos casos confirmados e 500 novas mortes, o que representa o terceiro maior número de mortes diárias desde o início da pandemia.
A Alemanha regista, no total, mais de 22.600 mortes provocadas pelo coronavírus.
* Com agências
Comentários