“Olhando para o contexto internacional, vemos que os países europeus que começaram o levantamento de medidas de restrição primeiro que Portugal, como a Noruega, Áustria e República Checa, estão entre os países que atualmente apresentam as menores taxas de crescimento média do número de novos casos” de covid-19, refere a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).

Para os investigadores do Barómetro Covid-19, da ENSP, “estes dados são animadores” e dão “esperança de que o nível de transmissão da covid-19 poderá manter-se baixo com as medidas de desconfinamento” iniciadas há duas semanas em Portugal.

“A taxa de crescimento média do número de novos casos de maio [em Portugal] é bastante inferior à observada em abril, indicando uma desaceleração do contágio”, sublinha a ENSP, adiantando que a partir dos “próximos dias” poderá começar a avaliar o efeito epidemiológico do desconfinamento em Portugal.

Contudo, sublinham os investigadores, os efeitos das medidas de combate à covid-19 já estão a ter efeitos na população portuguesa.

Segundo os dados do inquérito do “Opinião Social - Outra crise, a mesma geração”, estes efeitos já “são profundos e estão a agravar as desigualdades já existentes”, afetando principalmente a geração dos 26 aos 45 anos.

“É o grupo etário mais afetado pela suspensão da atividade profissional, com a perda de rendimentos mais significativa, e que mais tem que trabalhar no local no trabalho, expondo-se ao risco de covid-19”, sublinha o inquérito que envolveu cerca de 180 mil questionários.

A ENSP cita dados da Direção-Geral da Saúde referentes ao dia 12 de maio que indicavam que 27.913 pessoas tinham contraído covid-19 em Portugal e destes 31% eram pessoas com menos de 40 anos.

O Opinião Social é um questionário de periodicidade semanal, do Barómetro Covid-19, que tem como objetivo acompanhar a evolução das perceções, sob o ponto de vista do cidadão: perceção de risco, confiança nas instituições, cumprimento das medidas veiculadas, resposta dos serviços de saúde, impactos no seu quotidiano e na saúde mental, entre outros

Em Portugal, morreram 1.190 pessoas das 28.583 confirmadas como infetadas, e há 3.328 casos recuperados, segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde.

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

O Governo aprovou na sexta-feira novas medidas que entram em vigor na segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.

O regresso das cerimónias religiosas comunitárias está previsto para 30 de maio e a abertura das praias para 06 de junho.