“Há uma notória falha do Governo na preparação relativamente a essa segunda vaga. Ou seja, durante julho, agosto e setembro, o período em que se devia ter feito essa preparação. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está à beira de esgotar a capacidade face à covid e está claramente a falhar na resposta a todas as outras patologias não covid”, afirmou, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD em que anunciou o voto contra do partido no Orçamento do Estado para 2021.
Rui Rio disse ter “autoridade moral” para criticar, depois de na primeira vaga o PSD ter “desculpado praticamente tudo o que o Governo fez” e até ter “colaborado” com o executivo.
“Nessa altura, se estivesse no lugar de António Costa, não sei se fazia melhor ou pior, porque o conhecimento que tínhamos não era nenhum. Agora uma coisa era o desconhecimento que todos tínhamos em março ou abril, outra é o que já tínhamos em julho relativamente à possibilidade de uma segunda vaga, com o ‘know how’ que adquirimos todos”, contrapôs.
Rio defendeu que, se o PSD não pode exigir “a perfeição” neste domínio, considera que “é possível ser mais acutilante, programar melhor as coisas e ter o SNS em melhores condições”.
O presidente do PSD alertou ainda que, se o nível das infeções em Portugal continuar a crescer de forma geométrica, o país pode vir a ter “uma economia a parar outra vez”.
“Não porque haja uma decisão política como em março, mas porque as próprias circunstâncias nos poderão para aí empurrar”, disse, alertando que poderão existir vários milhares de infetados e outros tantos em quarentena, todos sem poderem trabalhar “por um longo período”.
“Não estão a trabalhar e não estão a consumir. Podemos assistir a empresas numa dificuldade próxima do encerramento, sem que haja decisão política de encerramento que, na minha opinião, dificilmente poderá ser tomada”, disse.
Ao mesmo tempo, avisou, os hospitais poderão estar na “situação difícil de decidir quem pode ser tratado no imediato e quem tem de esperar”.
Rio justificou hoje o voto contra do PSD por ser “o único voto coerente” com a apreciação que os sociais-democratas fazem do documento, mas também por considerar que nem sequer uma abstenção poderia evitar uma crise política, depois de o primeiro-ministro ter dito que o seu Governo terminaria no momento em que precisasse do PSD para o aprovar.
“Se o voto do PSD não serve nem para evitar uma crise política, o PSD então só pode votar contra, porque esse é que é o único voto coerente com aquilo que devemos fazer”, defendeu, considerando que o partido está livre para “votar contra um orçamento que se esforça por agradar ideologicamente ao PCP e BE, esquece o futuro e não visa a recuperação económica de Portugal”.
Portugal contabiliza pelo menos 2.229 mortos associados à covid-19 em 106.271 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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