A conferência de imprensa teve o seu início com a leitura dos dados do boletim epidemiológico hoje publicado pela DGS por António Lacerda Sales, em que é possível verificar que Portugal regista 735 óbitos por covid-19 e um total de casos confirmados que ascende a 20.863 (mais 3% face a este domingo).
Depois, abordou a questão dos ventiladores provenientes da China. Ontem a ministra da Saúde tinha anunciado a sua chegada, hoje soube-se a sua distribuição.
Assim, segundo o secretário de Estado, dos 66 ventiladores, 40 vão ficar na região Norte e Centro e os restantes 23 vão ser distribuídos por unidades de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
Esta repartição regional, explicou, é feita "de acordo com os critérios de distribuição definidos pela comissão de acompanhamento da resposta nacional em medicina intensiva", que é sempre feita com equidade.
O governante disse também que 63 dos ventiladores foram adquiridos pela administração central dos sistemas de saúde e os outros três pelas autarquias.
Estes 66 ventiladores fazem parte dos 508 que Portugal comprou à China para reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde em cuidados intensivos — área que o governante salientou que o país regista uma taxa de ocupação de 54%.
Número de casos suspeitos e a situação nos lares
Questionada relativamente ao aumento do número total de casos suspeitos que se tem verificado nos últimos dias, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas respondeu que "neste momento no Serviço Nacional de Saúde existe uma malha muito larga".
"Preferimos apanhar muitos casos que não sejam positivos do que deixar passar um positivo. E, portanto, o que nós temos estado a tentar fazer é exatamente isso. [Isto é], todas as pessoas que ligam para o SNS24 e que apresentam sintomas, mesmo que sejam muito ligeiros, entram para uma plataforma onde ficam como suspeitos", explicou, para depois rematar que se trata de uma estratégia de Portugal para captar o máximo possível de pessoas suspeitas para fazer o teste e encontrar aqueles casos que são efetivamente positivos.
Relativamente à situação atual que se verifica nos lares, indicou que há em curso um plano "muito intenso".
"Obviamente, num lar em que apareça alguém com sintomas, seja profissional ou utente, há uma política de testar rapidamente para encontrar um caso positivo", indicou Graças Freitas. "Depois, há os testes de rastreio que têm estado a ser feitos sobretudo com as autarquias. [...] Há um plano desse rastreio que vai cobrindo todos os lares começando mais intensamente na zona norte — o que não quer dizer que nas outras zonas não esteja a ser feito — e que prevê que nesta zona todos os lares tenham sido submetido rastreio profissional", completou.
Testes rápidos
Uma das questões colocadas pelos jornalistas debruçou sobre a chegada dos novos testes — cujo resultado é revelado mais rapidamente do que os atuais, mas que a sua fiabilidade tem sido colocada em causa noutros países.
"Estes 5000 testes que anunciámos a semana passada são testes da GeneXpert que estão validados pelo Infarmed. São testes fiáveis. Mas é importante que se perceba que não têm nada a ver com os testes que vulgarmente se designam por 'testes rápidos' — esses são testes que têm a ver com hemoglobina, estes não. São testes que utilizam a mesma tecnologia PCR, o mesmo tipo de colheita [nasofaringe] e são testes que apesar de tudo são mais rápidos do que os outros testes PCR que já realizávamos porque são realizados entre 45 minutos a 1 hora", explicou António Lacerda Sales, para depois indicar que "deverão chegar esta semana". No entanto, reiterou que esta linha temporal se trata apenas "de uma previsão" e não dá garantias.
Adicionalmente, acrescentou que serão distribuídos de acordo com a farmacêutica que detém estes testes e que deverá "ter em conta as necessidades, nomeadamente, de hospitais onde não hajam outras alternativas".
"São testes que devem ser efetuados em situações de emergência, como situações de pré-cirurgia, grávidas e noutras situações hospitalares que tenham haver situações de maior urgência. Até porque são um contingente relativamente limitado, para já, que esperamos depois tornar expansível", disse.
Lacerda Sales enalteceu o facto de Portugal ser dos países a nível europeu que mais testes faz — e continua a testar "cada vez mais".
Esclarecimento da utilização geral de máscaras e as mortes registadas em casa
"Como devem saber, nós temos sempre dito que o seu uso [de máscaras cirúrgicas] não pode comprometer a necessidade maior que é a de utilização por profissionais de saúde, por doentes e por outros profissionais das instituições de saúde. Dito isto, se as pessoas as estão a usar é porque o mercado tem capacidade de as abastecer sendo que nós estamos a conseguir adquirir o suficiente. Portanto, em qualquer altura que isto não aconteça, as pessoas que estão a usar máscaras cirúrgicas terão que utilizar outro equipamento. É uma questão de equilíbrio de mercado. Mas que fique claro que nunca pode haver haver falta nestes setores mais importantes", afirma Graça Freitas, diretora-Geral da Saúde.
Já em resposta à questão dos óbitos que têm sido verificados em casa ou nas instituições e que não chegam a dar entrada nas unidades hospitalares, indicou que se trata de "um fenómeno que estamos obviamente a avaliar e a estudar", excluído os casos em que tal sucede por decisão do próprio doente.
"Nós estamos a averiguar essa circunstância e quero dizer que essas pessoas que estão nas instituições e em casa — com covid-19 ou com outras patologias — estão a ser acompanhadas por médicos e enfermeiros. De qualquer das maneiras, é uma pergunta pertinente, mesmo que se tratando de um número pequeno de casos, mas que existe. Temos que investigar aquilo que derivou da vontade dos próprios e o que é pode ter derivado de outro tipo de fatores", disse Graça Freitas.
Plasma de doentes recuperados
Quando questionado sobre a intenção de o Instituto do Sangue e Transplantação querer iniciar ensaios clínicos com recurso à utilização de plasma de doentes recuperados em tratamentos, o secretário de Estado da Saúde confirmou que "existe uma grande vontade por parte de diversas instituições de o fazer".
"Em termos de ensaios clínicos estão numa fase inicial. Estão incorporados nesta vontade da Direção-Geral da Saúde, do INSA e Infarmed, e estamos neste momento a analisar um conjunto de critérios e fatores, nomeadamente ao nível do consentimento informado, ao nível daquilo que é tecnologia", disse.
"Vai ser definido um grupo, uma task force para que possa avaliar e validar o início destes ensaios clínicos. Estes começaram por doentes moderados/graves — e não muito graves como muitas vezes tem sido transmitido para a opinião pública. Será um pouco esta a estratégia que utilizaremos e queríamos ver se até ao final do mês tínhamos toda esta organização perfeitamente contemplada para então avançarmos com estes ensaios clínicos", concluiu.
Situação do Hostel em Lisboa
Outra das questões colocadas pelos jornalistas teve que ver com o caso do hostel em Lisboa que foi evacuado após ter sido identificado um caso de infeção.
"Foram tomadas variadíssimas medidas. A primeira circunstância teve a ver de facto com o número de pessoas no hostel e, mais uma vez, com a concentração destas pessoas. Uma vez detetado um caso, iniciou-se um plano de testes. Como sabem este hostel tinha um total de cerca de 185 pessoas residentes e alguns profissionais. Como sabem foram feitos testes a toda esta população e também sabem que muitos deles deram positivo", começou por dizer.
"Por exemplo, da primeira bateria de testes com 116 testes feitos a residentes, 100 deram positivos — o que é um enorme número de pessoas e que reflete aquilo que nós temos dito: a concentração de pessoas dentro de um espaço define um contágio e aqui isso ficou bem patente, quando muitas pessoas na mesma unidade residencial e em condições de contacto não ideais, geram estas circunstâncias. Houve uma pronta intervenção nesta estrutura que juntou o INEM, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a Câmara Municipal, os serviços Públicos de Lisboa e a proteção civil e como sabem houve um movimento para realojar estas pessoas, incluindo com o contributo da mesquita de Lisboa. Em relação ao hostel, têm de se proceder a desinfeções e descontaminações do local e agora têm de ser muito bem ponderadas como é que vão ser realocadas estas pessoas", afirmou Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde ainda enalteceu o movimento para realojar estas pessoas, incluindo o contributo da Mesquita de Lisboa ao disponibilizar instalações para acolher estas pessoas.
No entanto, salientou que "há aqui um trabalho prospetivo que tem que ser feito para evitar situações futuras sobretudo naquela população que não ficou infetada e não estando infetada é suscetível à doença".
O hostel, que albergava perto de 200 pessoas em 40 quartos, foi evacuado devido a um caso positivo de covid-19.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.
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