A sessão plenária da próxima semana do Parlamento Europeu, que vai decorrer entre os dias nove e 12 de março, vai ser realizada em Bruxelas em vez de em Estrasburgo, onde seria habitual. A decisão foi tomada depois um novo relatório do Serviço Médico do Parlamento Europeu acerca da evolução do surto de Covid-19 afirmar que realizar a sessão em França aumenta significativamente os riscos para a saúde para os parlamentares, staff e comunidade local.

A deliberação tem lugar depois de terem surgido nos últimos dias novos focos de infeção em vários países da União Europeia.

“Com base nessa avaliação, decidi que as condições de segurança necessárias não estão reunidas para a habitual sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo na próxima semana”, escreve David Maria Sassoti, presidente do Parlamento Europeu, no comunicado enviado às redações onde explica que “excecionalmente” a próxima sessão plenária vai acontecer na capital belga.

Com base nos últimos números, França e Bélgica são casos bastante diferentes no que toca ao surto do novo coronavírus. Se no primeiro país houve 377 casos confirmados, dos quais resultaram seis mortes, no segundo há um total de 50 casos, sem nenhuma morte a registar.

No mesmo texto é ainda dito que o “Parlamento compromete-se a reagendar uma sessão plenária em Estrasburgo, em conformidade com os tratados. "

Na sessão plenária da próxima semana está agendado um debate com a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, sobre a resposta da União Europeia ao surto do Covid-19 e o seu impacto na saúde pública, na economia e a nível social.

Na agenda do Parlamento Europeu vão estar também o debate acerca do orçamento de longo prazo da UE, a situação dos migrantes e refugiados na fronteira entre a Grécia e a Turquia, a primeira proposta legislativa do Pacto Ecológico Europeu e a nova estratégia global para África, entre outros temas.

No dia dois de março, Sassoli já tinha anunciado uma série de medidas de precaução tendo em conta a propagação do Covid-19 e que permitissem que a instituição continuasse a funcionar.

Entre as medidas agora anunciadas, estava então a decisão de limitar as (tradicionais) visitas ao Parlamento, tendo Sassoli sublinhado que a assembleia pode e deve tomar medidas diferentes daquelas adotadas pelas outras instituições – designadamente Comissão Europeia e Conselho – já que “tem particularidades que os outros não têm”, designadamente o facto de, anualmente, receber cerca de 700 mil visitantes, dado tratar-se de uma “instituição aberta”.

Apontando que um visitante infetado com o Covid-19 pode transmitir este novo coronavírus a outras 50 pessoas, Sassoli explicou que, na mesma lógica, os serviços do Parlamento decidiram que a assembleia não acolherá ao longo das próximas semanas “atividades que não sejam indispensáveis” ao seu funcionamento, como é o caso de eventos culturais, eventos promovidos por organizações externas e visitas promovidas por eurodeputados.

O novo coronavírus que provoca o Covid-19 surgiu pela primeira vez no final do ano passado em Wuhan, na China, e pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

Este surto, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3.300 mortos e infetou mais de 95 mil pessoas em 79 países, incluindo nove em Portugal.

Das pessoas infetadas, mais de 50 mil recuperaram.

Além de 3.012 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas, San Marino, Iraque, Suíça e Espanha.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.