Numa chamada feita em direto para o programa do apresentador televisivo Sean Hannity, no canal Fox News, na quarta-feira, 4 de março, à noite, Donald Trump contestou diretamente as avaliações feitas pela OMS, que situam a taxa de mortalidade global do covid-19 nos 3,4%.
"Eu penso que 3,4% é, na verdade, um número falso", comentou Donald Trump ao telefone, segundo o jornal britânico The Guardian. Os valores foram apresentados no passado dia 3 de março, quando o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que "globalmente, cerca de 3,4% dos casos reportados de covid-19 morreram. Por comparação, a gripe sazonal mata generalizadamente menos de 1% daqueles infetados".
O presidente dos EUA, porém, admitiu que este era apenas o seu "palpite", baseado "em muitas conversas tidas com muitas pessoas que tratam disto, porque muitas pessoas vão ter isto [covid-19] e é muito ligeiro".
Trump disse a Hannity que as pessoas infetadas por covid-19 "vão ficar melhor muito rapidamente" e que muitas "nem sequer contactam um médico", sendo que estes casos, no seu entender, não são conhecidos e não são considerados quando se pensa na população em geral em risco de contrair coronavírus. Por essa razão, o presidente dos EUA considerou que a taxa de mortalidade "está muito abaixo de 1%".
Segundo o website Politico, os comentários de Trump vêm no seguimento da aprovação de um pacote de 8,3 mil milhões de dólares na Câmara dos Representantes norte-americana para conter o surgimento de surtos nos EUA, numa fase em que o país já registou 11 mortes causadas pelo coronavírus e em que a epidemia já chegou a outros estados que não o de Washington.
O presidente dos EUA, inclusive, sugeriu que a mortalidade do covid-19 já tinha chegado a Nova Iorque, apesar de não haver casos mortais reportados, quer no estado, quer na cidade. Para além disso, Trump pareceu minimizar a severidade da epidemia ao recordar que "há milhares ou centenas de milhares de pessoas que estão a ficar melhores apenas ao ficarem quietas ou irem trabalhar".
Trump tem sido acusado de espalhar desinformação quanto ao coronavírus por parte dos seus críticos, mas os seus partidários defendem que a imprensa liberal e várias figuras ligadas ao Partido Democrata têm instrumentalizado a epidemia para fazer ataques políticos ao presidente.
No entanto, o líder dos EUA já utilizou a sua conta oficial no Twitter para desmentir que incentivou pessoas potencialmente infetadas a ir trabalhar. "Eu nunca disse que as pessoas que se estão a sentir doentes devem ir trabalhar. Isto são apenas mais notícias falsas e desinformação criada pelos Democratas", escreveu.
A epidemia de Covid-19 provocada pelo novo coronavírus, que pode causar infeções graves respiratórias como pneumonia, causou, até à data, cerca de 3.300 mortos e infetou mais de 96 mil pessoas em 79 países, incluindo nove em Portugal.
Das pessoas infetadas, mais de 53 mil recuperaram.
Além de cerca de três mil mortos na China continental, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas, San Marino, Iraque, Suíça e Espanha.
A OMS declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou recentemente o risco para “muito elevado”.
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