No Lar Pereira de Sousa, que aloja cerca de 55 utentes, segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço, Jorge Ribeiro, estão 25 utentes infetados e oito trabalhadoras, aguardando-se ainda alguns resultados de análises.
O provedor participou hoje numa reunião com o presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, a diretora distrital da Segurança Social de Viana do Castelo, o presidente da Câmara Municipal de Melgaço e o Delegado de Saúde Distrital, entre outras entidades, a quem apelou para que os doentes fossem retirados do lar para terem acesso a cuidados de saúde, por aquela entidade não ter possibilidade de o fazer.
No final da reunião, o responsável disse à Lusa que foi decidido que os utentes infetados vão continuar na instituição e, na segunda-feira, os cerca de 30 não infetados serão retirados e acolhidos temporariamente nas instalações da Fundação Inatel, em Vila Nova de Cerveira.
“E, portanto, de seguida, vamos reorganizar o lar, proceder a uma desinfeção do lar […] e, até novas instruções, vamos ter que conseguir continuar a tratar desses doentes”, disse.
O provedor assume que a decisão não era aquela que a Misericórdia de Melgaço pretendia, mas foi tomada pelas entidades da área da Saúde.
“Se me disser que é melhor que tirem daqui [do lar] os não infetados, para nós conseguirmos reorganizar, para fazermos uma desinfeção, é melhor. Se esta é uma solução? Não é de todo uma solução. É melhor do que o que temos agora, mas não é de todo uma solução. A solução passa claramente por a Saúde tratar dos doentes”, disse.
Jorge Ribeiro adiantou à Lusa que o transporte dos utentes não infetados será feito em articulação com a proteção civil, o que obrigará a “uma logística grande”.
O responsável reafirmou hoje as dificuldades da instituição em prestar cuidados de saúde aos utentes por a equipa de profissionais estar reduzida a uma enfermeira.
O lar de idosos possui três enfermeiros e uma médica, mas uma enfermeira está infetada e outro enfermeiro está com sintomas e encontra-se em casa à espera dos resultados dos testes.
A agravar a situação, na sexta-feira, a médica informou o provedor que “não podia comparecer mais” no lar da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço porque, como também trabalha no Centro de Saúde, “lhe tinha sido comunicado que havia diretrizes da Direção-Geral da Saúde no sentido em que os médicos não podiam prestar serviços” em lares com a presença de infetados.
O provedor denunciou na sexta-feira a situação numa missiva enviada a várias entidades, incluindo à diretora-geral da Saúde.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 103 mil mortos e infetou mais de 1,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 470 mortos, mais 35 do que na sexta-feira (+8%), e 15.987 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 515 em relação a sexta-feira (+3,3%).
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