Estão previstas três fases para a execução do plano de vacinação contra a covid-19 em 2021, que vão acompanhar o ritmo de disponibilização das vacinas. É então, expectável que nos primeiros meses ainda haja alguma escassez.

Por isso, numa primeira fase, que deverá decorrer entre janeiro e março, ou abril no pior cenário, só vão ter acesso à vacina até 950 mil pessoas prioritárias. Nesta fase, são vacinadas as pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, residentes e trabalhadores em lares, e profissionais de saúde e de serviços essenciais (forças armadas, forças de segurança e serviços críticos).

O coordenador do Plano Nacional de Vacinação anteviu que, em princípio, as primeiras vacinas contra a covid-19 começarão a ser administradas à população de risco no início de janeiro, um ou dois dias após chegarem a Portugal.

Para a segunda fase, o documento prevê um alargamento dos critérios para a definição desses grupos prioritários e, por isso, a vacina poderá chegar a mais 2,7 milhões de pessoas. Ou seja, a partir de março ou abril e até junho ou julho, serão vacinadas 1,8 milhões de pessoas com mais de 65 anos e cerca de 900 mil com patologias associadas e mais de 50 anos.

O plano de vacinação de Portugal contra a covid-19 em nove pontos
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Só numa terceira fase é que toda a população terá acesso à vacina, mas o coordenador do plano de vacinação nacional ressalvou, durante a apresentação do documento, que isso só será possível se se confirmar o ritmo de abastecimento das vacinas que o permita, porque caso contrário podem ser criados ainda outros grupos.

O semanário Expresso escreve que os peritos da Comissão Técnica de Vacinação para a covid-19 dizem que o número de doses disponíveis nessa terceira fase (e seguintes) vai permitir a toma sem haver critérios prévios, ou seja, é apenas por vontade do cidadão. Só difere o esquema de distribuição, em relação ao que está a ser ponderado agora, se a entrega das vacinas se atrasar.

Um dos elementos da Comissão Técnica explica ao Expresso que “[d]esde a primeira hora que se pensou na globalidade do plano de vacinação e neste momento não é preciso pensar em mais critérios, que se podem alterar. Toda a população, à exceção das grávidas e das crianças — estas para já —, terá oportunidade de vacinar-se. Dependendo das entregas, e a correr como previsto, não deverá ser necessário constituir mais grupos prioritários”.

Como foi divulgado, a primeira fase da vacinação contra a covid-19 será administrada em mais de mil pontos de vacinação habituais dos centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados.

Este elemento da Comissão Técnica ouvido pelo Expresso acrescenta que foi “já dito que haverá um alargamento da rede de administração, além dos centros de saúde e dos gabinetes de saúde ocupacional definidos para as duas primeiras fases". Assim, "com o número de vacinas a aumentar, será necessário ter uma rede maior precisamente para uma terceira vaga sem grupos definidos”.

Para já, menores de 18 anos, grávidas e cidadãos que já tiveram Covid-19 ficam de fora na toma da vacina.

Um dos peritos portugueses da Comissão Técnica de Vacinação explica ao Expresso que os "estudos com crianças estão agora a ser feitos, mas as grávidas ficam de fora. A definição dos grupos tem de ser afinada de acordo com a informação científica que for sendo disponibilizada. Quando os primeiros grupos estiverem vacinados vamos ter mais informação”.
Quanto à Agência Europeia de Medicamentos (EMA) "vai dar uma aprovação basea­da na experiência que tem e nos grupos estudados, podendo haver uma extrapolação para outros grupos, e serão as estruturas de cada país a decidir qual será a aplicação. Por exemplo, o Reino Unido vai vacinar a partir dos 16 anos, mas Portugal só aos 18”, conclui.
Os imunologistas e epidemiologistas contactados pelo semanário defendem que o princípio dominante vai no sentido de não administrar a vacina a quem já teve covid-19 e que, até prova em contrário, mantém-se o conhecimento de que ter a doença é uma vacina natural e mais eficaz.