Segundo o boletim epidemiológico hoje publicado, Portugal regista 714 óbitos por covid-19 (mais 27 do que no sábado) e um total de casos confirmados que ascende a 20.206 casos (mais 521).

A ministra da Saúde, Marta Temido, começou a conferência com uma recapitulação dos números já fornecidos anteriormente, mas depois deu umas "breves notas" de como se passaram os últimos dias em termos dos indicadores habituais.

"Em termos de testes, desde o dia 1 de março tinham sido realizados 249 mil testes de diagnóstico para covid-19. Desse total é importante sublinhar que 32% no mês de março e 68% já no mês de abril — o que demonstra bem a intensificação dos testes de diagnóstico ao longo dos últimos 19 dias", disse.

"Desde o dia 1 de abril, a média de testes/dia foi cerca de 9.800. O dia em que terão sido realizados mais testes, de acordo com a informação disponível a esta data, terá sido a última quarta-feira, com cerca de 13.300 testes", completou.

A ministra depois revelou aquilo que já tinha sido avançado durante pela imprensa: de que tinham chegado 65 dos 508 ventiladores encomendados à China durante a madrugada de hoje. "As restantes entregas não estão, para já, totalmente disponíveis, e pelo que sabemos vão ser fracionadas em vários dias", assumiu, explicando que tal sucede devido ao facto de outros países estarem à procura deste tipo de equipamentos também na China.

Marta Temido realçou depois o facto de durante esta semana terem chegado 900 mil kits de teste PCR e 334 mil zaragatoas. E depois numa mensagem mais direcionada para os profissionais de saúde indicou que "amanhã [segunda-feira] será feita a entrega dos kits de extração de RNA" manuais porque "os automáticos ainda não estão disponíveis".

A ministra adiantou ainda que chegaram cerca de 5,5 milhões de máscaras cirúrgicas e 1,2 milhões de máscaras do tipo FFP2 e FFP3 (máscaras com respiradores), "as designadas face filtering piece, para além de batas, tocas e outros materiais de proteção individual". Porém, reconheceu que há falta de batas e que este é um aspeto que de momento preocupa. "As nossas maiores dificuldades estão agora na entrega de batas".

Sobre o SNS24, a governante revelou que este continua a funcionar com regularidade tendo sido recebidas 7.700 chamadas no último dia e que o tempo médio de espera pelo atendimento é de 28 segundos.

"Epidemia está longe de estar controlada"

A Alemanha deu como "controlada" a pandemia de covid-19 esta semana. Questionada pelo SAPO24 sobre quando é que Portugal poderá encontrar-se na posição de fazer o mesmo, Graça Freitas salientou que "a epidemia está longe de estar controlada" e que o surto se vai controlando.

"Esta é apenas uma das ondas epidémicas possíveis e portanto temos de ter aqui muita atenção. (...) Por isso é que é tão importante não dar estas coisas como assentes. [O surto] vai estando controlado, vai-se controlando e vai-se controlando dia a dia, até que de facto ou por imunidade natural, por vacina ou cura possamos aliviar. Até lá temos de estar muito vigilantes", respondeu.

Portugal está a viver "apenas uma das ondas ondas epidémicas possíveis e portanto temos de ter aqui muita atenção. Os três aspectos [a ter em conta na avaliação sobre se uma situação está ou não controlada] são a vigilância epidemiológica, ou seja, saber todos os dias como a doença se está a comportar, saber como o sistema [de saúde] está a dar resposta, mas depois também ter um equilíbrio com a vida social e economia".

25 de abril e e a necessidade de confinamento para não deitar tudo a perder

No seguimento da intervenção do especialista, a ministra Marta Temido recordou que o governo não estaria a ter a postura correta se não fizesse qualquer menção ao aspeto mental e ao esforço pedido aos portugueses nestes tempos. No entanto, lembrou que não é ainda tempo de desarmar e sair de casa.

"Gostaríamos todos, neste momento, de estar a viver as nossas vidas de outra forma porque o tempo é de primavera, porque estamos fartos e cansados de estar em casa e de não nos pudermos abraçar, mas temos de ser muito ponderados", disse, antes de a ministra que tutela a pasta da Saúde deixar mesmo um apelo:

"Nestes dias de grande dificuldade, ter saúde mental é ter capacidade de resistir e para estar num rigoroso cumprimento daquilo que é esperado de todos nós que é o isolamento social até que tenhamos mais certeza da estabilidade daquilo que é a evolução aparente nossa situação. Um gesto imponderado, uma saída desnecessária, podem deitar tudo a perder", afirmou numa clara alusão ao festejos do dia 25 de Abril ou 1 de Maio.

De acordo com a ministra, "nestes dias de particular dificuldade, ter boa saúde mental é, também, ter uma boa capacidade de resistir e permanecer no rigoroso cumprimento que de nós se espera, que é o isolamento até que tenhamos estabilidade [no controlo da infeção]".

"Não há qualquer contradição que ainda impere sobre todos nós e aquilo que sejam organizações que possam a vir ser feitas de sinalização de terminados dias específicos da nossa vida coletiva porque faremos essa organização dentro destas mesmas regras e sabemos que podemos contar com todos para isso", rematou.

Por seu turno, a diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, também partilhou da visão da ministra, mas salientou que terá haver "espaço para negociar, ver como é que podem ser cumpridas [as celebrações], mantendo sempre aquilo que nós temos dito [sobre aquilo a evitar] porque esta é uma doença contagiosa e portanto o distanciamento social é a primeira e mais importante medida para evitar esse contágio — depois há todas as outras que já conhecem".

Saúde Mental e o confinamento

A Direcção-Geral da Saúde publicou uma recomendação dirigida à saúde mental no micro site da DGS destinado à Covid-19. Neste âmbito, Miguel Xavier, do Programa Nacional de Saúde Mental, também participou na conferência de imprensa diária.

O especialista começou por explicar que existem nesta pandemia "vários determinantes" que fazem com que a saúde mental possa sofrer, nomeadamente o medo, a disrupção social e o confinamento.

"Não vemos os nossos colegas, a família, tivemos de nos converter ao teletrabalho de uma forma muito rápida. Estamos confinados por um bem maior. O confinamento, se traz algumas coisas boas, como o recuperar de algumas coisas que se faziam em família, mas também traz algo que não estávamos habituados, que é viver todos juntos, no mesmo sítio e ao mesmo tempo e isso faz com que alguns conflitos latentes possam tornar-se manifestos".

Apesar de reconhecer que todas estas circunstâncias fazem com que a saúde mental dos portugueses possa sofrer, sublinhou que tal não quer dizer que as pessoas venham a ter problemas de saúde mental.

"Podem é ter alguns problemas de natureza psicológica, como ansiedade, preocupação em relação ao futuro, que se pode traduzir em insónia, perde de apetite, etc", referiu. Segundo Miguel Xavier, estes são "sentimentos muito comuns que atravessam a sociedade".

O pico e as regiões autónomas

Outra questão colocada pelos jornalistas foi a questão do pico que, revelou na conferência de imprensa de ontem, poderá ter ocorrido entre 23 e 25 de março.

"É uma informação que responsabiliza as pessoas e que não as desresponsabiliza. Diz-lhes que provavelmente a incidência máxima ter-se-á passado num momento passado, mas diz-lhes também que que se os comportamentos não forem adequados a manutenção do distanciamento, do confinamento, da utilização de um conjunto de medidas protetoras teremos um recrudescimento. E, independentemente disso, também temos tido sempre a transparência de dizer aos portugueses que não podemos afastar do horizonte nem novas ondas nem sequer um recrudescimento da doença", indicou Marta Temido.

Sobre o cordão sanitário levantado ontem pelo governo regional em Câmara de Lobos, Graça Freitas quando questionada pelos jornalistas que "as regiões autónomas são exatamente isso, regiões autónomas".

"Tem serviços próprios de autoridade de saúde e têm as suas próprias autoridades competentes. Mas de uma coisa eu estou certa: é de que os métodos são semelhantes às do continente. É feita uma avaliação do risco e função desse risco que especificamente numa determinada zona pode ser superior das outras são tomadas medidas excecionais e terá sido isso que se passou na região autónoma da Madeira", disse.

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