A Alemanha deu como "controlada" a pandemia de covid-19 esta semana. Questionada pelo SAPO24 sobre quando é que Portugal poderá encontrar-se na posição de fazer o mesmo, Graça Freitas salientou que "a epidemia está longe de estar controlada" e que o surto se vai controlando.

"Esta é apenas uma das ondas epidémicas possíveis e portanto temos de ter aqui muita atenção. (...) Por isso é que é tão importante não dar estas coisas como assentes. [O surto] vai estando controlado, vai-se controlando e vai-se controlando dia a dia, até que de facto ou por imunidade natural, por vacina ou cura possamos aliviar. Até lá temos de estar muito vigilantes", respondeu.

Portugal está a viver "apenas uma das ondas ondas epidémicas possíveis e portanto temos de ter aqui muita atenção. Os aspetos [a ter em conta na avaliação sobre se uma situação está ou não controlada] são a vigilância epidemiológica, ou seja, saber todos os dias como a doença se está a comportar, saber como o sistema [de saúde] está a dar resposta, mas depois também ter um equilíbrio com a vida social e económica".

A nível internacional "usa-se desde há muitos anos um parâmetro que se chama R, que é o celebre número de quantas pessoas infeta uma pessoa infetada. Quando esse número vem para baixo de 1 quer dizer que cada infetado infeta menos do que uma pessoa — e isso começa a indicar que podemos estar a controlar a onda, a epidemia ou surto", explicou a diretora-geral de saúde, mas, reitera "nada é dado como adquirido". "Nós podemos ter duas ou três semanas em que uma pessoa não infeta mais do que uma pessoa, mas como este vírus depende muito do nosso comportamento, em determinada altura o R pode voltar a aumentar".

Neste sentido, a ministra Marta Temido procurou deixar claro que "até a doença estar erradicada, e face às suas características, nada será como dantes".

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Considerando que "não podemos fechar a sociedade com as consequências que isso tem em termos individuais e em termos de coletivo, temos que aprender que, por um período de tempo, temos de combinar confiança com a abstenção de comportamentos imprudentes, sob pena deitarmos todo este enorme esforço a perder, algo que de facto não podemos arriscar", acrescentou.

"A avaliação epidemiológica é feita a cada momento. Por algum momento estamos a dizer que podemos tomar medidas [de alivio das restrições] em maio e não estamos a dizer que podemos tomar medidas hoje, 19 de abril. Com os números que temos pretendemos ainda reduzir o número de novos casos, reduzir o número de óbitos e obviamente aumentar os recuperados".

Marta Temido salientou também que não podemos descartar o eventual "reposicionamento de medidas" restritivas no futuro caso a situação se altere no sentido negativo.

Leia mais sobre a conferência de imprensa da Direção-Geral de Saúde aqui.

Portugal regista hoje 714 mortos associados à covid-19, mais 27 do que no sábado, e 20.206 infetados (mais 521), indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Comparando com os dados de sábado, em que se registavam 687 mortos, hoje constatou-se um aumento percentual de 3,9%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, os dados da DGS revelam que há mais 521 casos do que no sábado, representando uma subida de 2,6%.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (409), seguida pelo Centro (164), pela região de Lisboa e Vale Tejo (126), do Algarve (10) e dos Açores (5), adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sábado.