Em resposta à agência Lusa, o coordenador da Conaje para os países da CPLP, Wellington Galassi, apelou à "implementação de reformas estruturais e legais entre os países da CPLP, com vista à promoção do empreendedorismo, através da redução de custos, burocracia, interrupção dos negócios e lacunas legais".
Entre as medidas propostas, o economista defendeu a criação de "políticas de incentivos aos jovens empresários e ‘start-ups' [empresas em início de atividade], com vista a facilitar as relações comerciais entre os países-membros".
Na visão do brasileiro, são igualmente necessários "incentivos fiscais e proteção a investidores anjos" (investidores privados e individuais, financeiramente independentes, que decidem investir o seu próprio dinheiro em empresas em fase de arranque).
Para o mesmo representante, a CPLP deveria também trabalhar para fomentar a "educação empreendedora", incentivar e apoiar "a criação de incubadoras e aceleradoras em parcerias com universidades, fundações, instituições do setor público e privado" e criar o "visto de empreendedor de longa duração" na CPLP.
O também sócio da Mango Ventures Brazil recomendou ainda aos líderes da comunidade que criem políticas para "impulsionar o desenvolvimento de redes de investidores anjos e plataformas alternativas de financiamento e incentivos específicos para negócios inovadores de jovens empresários e ‘start-ups' dos países-membros".
As recomendações surgem antes da esperada aprovação da Nova Visão Estratégica da CPLP, que deverá privilegiar a economia, na XI conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorre hoje e na terça-feira em Brasília, capital do Brasil.
Acreditando que um ponto comum na CPLP seja "o desejo de crescer através do fomento da inovação", Wellington Galassi disse que acordos para "aumento da troca de informações e compartilhamento de tecnologias" poderiam ajudar a "melhorar a eficiência entre setores-chave para alguns dos países-membros".
Na perspetiva do economista, nos 20 anos de existência da CPLP, a comunidade "consolidou-se como uma plataforma de interação e interlocução entre os países de língua portuguesa, tendo-se fortalecido como organismo internacional e com muita credibilidade junto das comunidades das nações".
"O fator língua ajudou muito na aproximação dos países-membros, principalmente no que se refere à diminuição das barreiras e trocas comerciais", observou.
Na Conaje "existe uma agenda conjunta de fomento, trocas de informações e conversas com as entidades empresárias jovens de todos os países-membros da CPLP, no sentido de promover as relações comerciais e facilitar o intercâmbio entre os jovens empresários", exemplificou.
Segundo o coordenador da Conaje para os países da CPLP, "hoje existe um interesse muito forte por parte dos jovens empresários brasileiros, principalmente àqueles que possuem ‘start-ups', de estabelecer negócios com Portugal", que "tem-se tornado um ‘hub’ [centro] de inovação e empreendedorismo na Europa".
Quanto à possível criação de uma área de livre comércio na CPLP, o economista defendeu uma "busca do equilíbrio", considerando que se "verificam muitas dificuldades na implementação destes blocos, principalmente pelas restrições impostas pelos países mais desenvolvidos em detrimento dos países em desenvolvimento".
O brasileiro vincou que "os países-membros podem estreitar o relacionamento entre si, sem necessariamente criarem uma área de livre comércio".
Na CPLP, já se trabalha para, "em conjunto, melhorar o fomento de negócios entre jovens empresários dos países-membros, através de troca de informações, atividades conjuntas de fomento ao empreendedorismo e missões comerciais", beneficiando da facilidade da língua, sem ser necessária a área de livre comércio, frisou.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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