Segundo a Rádio Renascença, a quem foi denunciado o caso, a agressão aconteceu no início deste ano. Ana Mansoa, diretora executiva do Centro Padre Alves Correia (CPAC), instituição que apoia imigrantes em situação de vulnerabilidade, considera que as motivações dos menores que agrediram o menino nepalês foram xenófobas e racistas.

"O filho de uma senhora acompanhada pelo CPAC, que tem nove anos, e que é uma criança nepalesa, foi vítima de linchamento no contexto escolar por parte dos colegas. Foi filmado e divulgado nos grupos do WhatsApp das crianças", referiu.

O agrupamento escolar em que tudo aconteceu não foi divulgado, já que o caso ainda é recente, e os vídeos já foram removidos da aplicação.

Estiveram envolvidos na agressão cinco colegas da vítima, um com mais destaque, e há ainda registo de um sexto elemento que filmou o momento.

O menino ficou com “hematomas pelo corpo todo” e com “feridas abertas”. “Acabaram por ser tratadas pela mãe porque teve medo e quis evitar ir a um hospital ou centro de saúde. Isto acaba por ter estas consequências, estas agressões físicas, para estas pessoas, acabam por lhes dar a perceção de que não são bem-vindas, não são bem tratadas e não são bem acolhidas”, explicou Ana Mansoa à RR.

A criança também foi agredida verbalmente e foram proferidas frases como "vai para a tua terra". A família nepalesa está a viver há dois anos em Portugal.“Estão integrados socialmente, têm rendimento fixo e a situação contributiva regularizada".

A diretora executiva do Centro Padre Alves Correia frisa ainda que não foi apresentada queixa às autoridades e que a própria escola não terá denunciado o caso, mas uma das crianças envolvidas foi suspensa por três dias. “Foi [uma situação] muito grave e com um impacto muito grande, não só no bem-estar físico, mas também emocional e psicológico desta família, que acabou por pedir transferência da escola e acabamos por conseguir concretizá-la para a segurança da criança”, adiantou.

Mas este caso não será único. “A verdade é que não é de agora que temos esses relatos quer seja em contexto habitacional, quer seja em contexto escolar. Temos a perceção de que está a aumentar”, denuncia ainda.