Para já, o objetivo é cumprir o plano de vacinação. Mas depois de a maioria da população adulta estar protegida, há um grupo que vai continuar suscetível: os mais novos.

Segundo um estudo do Royal College of Paediatrics and Child Health, citado pelo Expresso, até ao momento, não é ainda claro o papel que as crianças e jovens desempenham na transmissão do vírus, uma vez que o grau de risco muda conforme a idade. A diferença de transmissão entre crianças e adultos vai desaparecendo com o aumento da idade e no caso de jovens com 17 ou 18 anos torna-se quase nula.

Mas, segundo refere o semanário, enquanto em Portugal a expectativa de alcançar a imunidade de grupo prevê que será necessário vacinar 70% da população, nos Estados Unidos, o especialista conselheiro da Casa Branca, Anthony Fauci, sugere que o regresso à normalidade só será possível quando entre 75% a 80% da população estiver vacinada — o que pode implicar a vacinação dos mais novos para alcançar a tal imunidade.

Perante esta necessidade, já se iniciaram os ensaios clínicos de algumas vacinas em jovens. No caso da AstraZeneca, começou a ser testada em crianças a partir dos seis anos de idade este mês. Na primeira etapa, vão avaliar a segurança e respostas imunológicas de crianças e adolescentes até aos 17 anos com 300 voluntários – 240 vão receber a vacina da covid-19 e aos restantes uma vacina contra a meningite cujos efeitos colaterais são idênticos.

Já os ensaios clínicos para testar a eficácia das vacinas da Pfizer e Moderna são conduzidos em crianças de idade igual ou superior a 12 anos e esperam apresentar resultados até ao verão. A Pfizer/BioNTech anunciou também a intenção de testar a vacina em crianças entre os 5 e os 11 anos. Por sua vez, a recém aprovada pela FDA Johnson & Johnson pretende desenvolver ensaios com crianças com menos de 12 e até 18 anos, além de estar previsto um estudo, a iniciar, que deverá incluir recém-nascidos, adolescentes, grávidas e pessoas imunodeprimidas.

“Do ponto de vista geral, quanto mais gente vacinada, melhor. Podemos alcançar a imunidade aos 70%, mas se 90% estiverem vacinados, melhor ainda”, explica o pediatra Paulo Oom, diretor do departamento de pediatria do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, ao Expresso, referindo que no país as pessoas com idade até aos 24 ou 25 anos são aproximadamente três milhões.

O virologista Paulo Paixão, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, citado pelo semanário, afirmou que é “desejável que os mais novos sejam vacinados”, para se “quebrarem as cadeias de transmissão, mas também considerando outros aspetos, como o poder viajar”.