Em entrevista à Lusa sobre a comissão de serviço de dez anos à frente da diretoria do Norte da Polícia Judiciária, que terminou esta semana, Batista Romão admitiu que houve um “abaixamento na ordem dos 60% da criminalidade violenta altamente organizada" na área coberta por aquela entidade.

“Estamos numa situação em que eu acho que nunca estivemos nestes dez anos, o que não quer dizer que não exista criminalidade violenta. Temos sobretudo investido na criminalidade económica. Estamos a falar no combate aos crimes fiscais graves, os mais graves, que são da competência da Polícia Judiciária, e estamos a falar no âmbito da corrupção, da corrupção em várias matérias”.

Essa diminuição da criminalidade violenta veio permitir, acrescentou, direcionar os meios policiais, que considera “escassos”, para combater crimes fiscais e de corrupção, sem descurar investigações sobre obras de arte falsas, como a operação Pelicano.

Questionado pela Lusa sobre a mudança de paradigma nas novas formas de crime, Batista Romão defende que a Polícia Judiciária se tem de preparar e que as pessoas estão cada vez mais apetrechadas".

“Não temos os meios suficientes. É conhecido, eu gostaria de dizer que tinha outros meios, mas os meios são os que são. Agora, a Polícia Judiciária tem feito um esforço enorme de preparação dos seus quadros para as vertentes da alta criminalidade económica, nomeadamente na corrupção”, realçou.

Segundo Batista Romão “essa evolução necessitou de uma atualização e precisa de uma atualização e de meios para a Polícia Judiciária combater eficazmente”.

“Estou a falar nomeadamente da Diretoria do Norte. Isso, felizmente, tem sido feito e eu penso que também passa, e é o nosso papel enquanto responsáveis, pela colocação das pessoas mais certas, mais adequadas em cada momento nessas áreas de combate à criminalidade económica, também altamente organizada, mas não violenta, em regra”.

A Diretoria do Norte abrange uma área de 21 mil metros quadrados, onde existem três milhões e 700 mil habitantes, o que corresponde a 36% da população portuguesa.