"O que aconteceu de 2011 a 2015 é que houve uma redução acentuada da sinistralidade. A própria OCDE, que faz a compilação dos dados à escala da União Europeia e de vários países do mundo, concluiu que quando há uma crise económica, isso determina desemprego, redução dos rendimentos e introduz uma redução da sinistralidade involuntária", afirmou à agência Lusa o presidente da ANSR, Jorge Jacob.
O responsável da ANSR adiantou, contudo, que esse fator não resulta das políticas de segurança, mas sim, da política socioeconómica que o país teve.
Este responsável, que se deslocou a Castelo Branco para participar no 1º Seminário de Segurança Rodoviária local, explicou que está a haver mais acidentes rodoviários, mas o número de vítimas diminuiu.
"Voltámos a ocupar o ponto em que estaríamos se não houvesse uma crise. Mas continuamos a baixar. Retomámos foi a evolução que tínhamos anteriormente [antes da crise]. Houve aqui uma singularidade que provocou aquela redução que, de alguma forma, não foi bem compreendida na altura", frisou.
Jorge Jacob sublinhou que há ainda um conjunto de outros fatores que continuam por resolver ao nível da segurança rodoviária, como o problema das estradas ou da sinalização.
"Aliás, o que nos faz vir aqui a Castelo Branco é ajudar a câmara a tentar resolver os problemas de segurança dentro da cidade, porque uma das coisas que continua crítica é a sinistralidade dentro das localidades", referiu.
O presidente da ANSR realçou que a sinistralidade tem diminuído mais fora do que dentro das cidades.
"Estamos a tentar ajudar as câmaras e todos os que lidam com os problemas da cidade e das localidades a tentar reduzir a sinistralidade dentro das cidades, que é o que nos falta", sustentou.
Para isso, a ANSR está a terminar uma série de fichas técnicas que visam ajudar e dar normas técnicas aos municípios, para se fazer o ordenamento das passadeiras, do acesso às paragens de autocarro e outras.
"Tudo isto tem de ser regulado, do ponto de vista técnico, de outra maneira. É o contributo que estamos a tentar dar às câmaras e estamos a preparar também duas publicações técnicas, uma sobre as zonas 30 e outra sobre as zonas 20, que são as zonas de coexistência para que os municípios saibam como fazer o ordenamento de zonas onde se quer que se pratiquem velocidade mais baixas (...)", afirmou.
Jorge Jacob disse ainda que Portugal é, em termos absolutos, o país da Europa onde morrem mais pessoas em acidentes com tratores agrícolas, uma situação que considera muito preocupante.
Outra preocupação passa pela formação inicial de condutores, apesar de esta não ser uma competência da ANSR.
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