Em declarações no final da primeira das 20 conferências “Ouvir Portugal”, promovidas pelo CDS-PP e que decorreu na Fundação de Serralves, a líder centrista, questionada sobre se teme que as recentes mexidas no Orçamento do Estado comprometam as metas do défice, optou por criticar a recente postura do Governo nas negociações com os professores.
“O Governo tem uma obrigação de não dizer a toda a gente que pode dar tudo em todo o momento e sempre. Não o fez até agora. Neste momento tem, certamente, questões para resolver”, afirmou Assunção Cristas, sobre um Orçamento do Estado que qualificou de “vistas curtas”.
Sem querer alongar-se no tema, a ex-governante lembrou “haver compromissos europeus que o Governo tem de saber honrar e que, certamente, o Presidente da República acautelará que sejam honrados”.
Numa conferência em que ouviu o presidente das Câmara do Porto, Rui Moreira, criticar o facto de nos últimos 40 anos “não ter sido conseguida a coesão territorial”, nem que fosse feita “uma ocupação territorial de forma razoável”, Assunção Cristas considerou haver “um antes e um depois do Verão de 2017 em Portugal”.
“Se antes havia alguns que falavam do território, alguns que falavam das oportunidades, da agricultura, da floresta, da paisagem, da ligação aos produtos regionais e à gastronomia, acho que hoje as pessoas são mais sensíveis às questões do território, à necessidade de criarmos condições para as pessoas que lá estão possam estar com segurança e tranquilidade e que, se calhar, outras possam ver aí uma oportunidade de ter uma vida diferente e igualmente boa ou, quem sabe, melhor”, disse.
Questionada sobre se é preciso coragem para fazer as mudanças que o presidente da câmara lançou, a líder centrista admitiu-o, falou do grupo de trabalho criado pelo CDS-PP para, no parlamento, “criar um regime fiscal para o interior, com a tal estabilidade que foi falado, uma estabilidade de muitos anos, que não se mude, que olhe para todos os impostos sem exceção”.
“Até hoje, nunca se mexeu no IRS, entendeu-se sempre quer não era possível haver diferenciações no IRS e a minha pergunta é: porque não é possível? Porque há um principio de igualdade? Mas também há um princípio de coesão territorial e hoje temos um país profundamente desigual. Ora se ele é profundamente desigual também temos de ter um regime desigual para conseguir promover alguma igualdade entre o território e entre portugueses”, argumentou.
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