“Não vou fazer comentários à agenda do senhor Presidente nem aos comentários que se fazem a propósito”, afirmou aos jornalistas Assunção Cristas, no final de uma visita ao centro juvenil e comunitário padre Amadeu Pinto, em Almada, que se dedica a ajudar crianças e jovens desfavorecidos.
Segundo Assunção Cristas, a deslocação já estava marcada “há bastante tempo”, antes dos incidentes no bairro da Jamaica.
Sem nada dizer sobre as críticas da Associação Sócio-Profissional da Polícia, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa mostrou “desprezo completo” pelas forças de segurança, a líder centrista repetiu argumentos, já usados a propósito dos incidentes no bairro da Jamaica, sobre a importância da polícia para a segurança e liberdade dos cidadãos.
“Para todos sermos livres, temos que ter segurança, nas cidades, nos bairros, sejam eles mais carenciados ou mais privilegiados. E quem nos garante essa segurança, de facto, são as forças da policia”, afirmou.
Para Assunção Cristas, é preciso valorizar as polícias, “reconhecer a sua autoridade” e explicar que “não faz sentido” haver territórios onde a polícia não pode estar, não pode intervier para restabelecer a segurança entre os moradores”.
E sobre o caso específico do bairro, onde se deram os incidentes e que o Presidente da República visitou, sozinho, fora da agenda oficial, na segunda-feira, a presidente do CDS disse não confundir “ações pontuais” com “as populações que querem andar para a frente com a sua vida, em condições de tranquilidade e serenidade”.
Questionada se planeia deslocar-se ao bairro, Cristas não excluiu essa hipótese.
“Neste momento não está prevista, mas não quer dizer que não possa acontecer”, afirmou.
A presidente dos centristas afirmou que "é incompreensível" que a "câmara comunista" do Seixal, que "trabalha neste território há 44 anos", não ter conseguido "resolver o problema daquele bairro, certamente por falta de empenho e de prioridade politica dada a esse ponto".
O CDS, acrescentou, sempre teve "grande preocupação em fiscalizar a ação do Estado aos vários níveis, nomeadamente no apoio às situações de maior carência, à necessidade de ajudar a romper situações de pobreza", como na habitação social.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou, na segunda-feira, o bairro Jamaica, no Seixal, distrito de Setúbal, sem anúncio prévio, e aceitou o convite para estar presente na próxima festa da associação de moradores.
Esta visita, que não constava da agenda distribuída pela Presidência da República, acontece 15 dias depois de se terem registado incidentes com a polícia neste bairro, no dia 20 de janeiro, que levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público.
Em entrevista à agência Lusa, divulgada no dia 25 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu a possibilidade de "mais dia menos dia" ir ao bairro Jamaica.
O Presidente da República defendeu que não se deve generalizar "factos singulares que merecem investigação e responsabilização, nomeadamente criminal", e argumentou que "radicalismo atrai radicalismo".
A Polícia de Segurança Pública (PSP) abriu um inquérito interno sobre a "intervenção policial, e todas as circunstâncias que a rodearam", em 20 de janeiro em Vale de Chícharos, também conhecido como bairro Jamaica.
O caso tornou-se público devido a um vídeo que circulou nas redes sociais e levou a um protesto contra a violência policial, no dia seguinte, em frente ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa.
Nessa ocasião, registaram-se incidentes com a PSP, que relatou ter havido apedrejamento de agentes policiais por parte de manifestantes já na Avenida da Liberdade e admitiu ter recorrido a disparos de balas de borracha.
O bairro Jamaica começou a formar-se na década de 90 e tem-se mantido sem condições de habitabilidade, com edifícios inacabados a servir de casa.
Recentemente, no final de 2017, foi assinado um acordo para realojamento de 234 famílias, numa parceria entre o Governo e a Câmara Municipal do Seixal.
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