O v reagiu às críticas feitas na segunda-feira por Rui Moreira no decurso da reunião do executivo, nomeadamente de que “os avisos foram tardios”.

“Nós não vimos aparecer Polícia Marítima, não vimos aparecer Capitania, a única coisa que vimos foi o capitão do Porto dar uma entrevista às televisões no estúdio, mas essa não é a atuação que nós esperamos e, portanto, pareceu-nos aqui absolutamente desajustada a posição da Polícia Marítima, da Capitania, que tem nesta matéria responsabilidade", afirmou Rui Moreira.

Cruz Martins explicou que “existe a funcionar na Capitania do Porto do Douro o Centro de Previsão e Prevenção das Cheias do Douro (CPPCD) que quando é ativado integra, entre outras autoridades e entidades, um representante da proteção civil do Porto em representação do presidente da câmara que, como em todas as autarquias, é o responsável máximo pela proteção civil municipal”.

No exercício dessas funções, continuou: “a capitania ativou esse tal centro 36 horas antes das cheias e foi incrementando esses alertas, desde azul até vermelho, divulgando sempre essa informação ao representante, que lá estava, da Câmara Municipal do Porto, e que é o dr. Coutinho”.

“Dez horas antes do transbordo do rio [Douro], a capitania implementou o alerta vermelho e fê-lo, nesse centro, na capitania, numa reunião presencial onde esteve o representante do presidente da autarquia”, disse ainda Cruz Martins, mencionando que tornou essa decisão pública em “alertas a diversos órgãos de comunicação social e em direto para vários canais de televisão à hora de almoço, na zona de Miragaia”, precisando que ao longo do fim de semana “fez mais de 30 intervenções nas televisões” alertando para a “questão das cheias, dando conselhos, e também alertando para a agitação marítima que se seguiu”.

Enfatizando ter o capitão de porto “competências de socorro e salvamento de vidas humanas”, vincou que “nestas cheias nunca isso esteve em causa” e que “apenas houve danos materiais”.

Questionado pela Lusa se tinha sido surpreendido pelas afirmações de Rui Moreira, Cruz Martins admitiu-o e explicou porquê: “sendo o presidente da câmara o responsável máximo pela proteção civil municipal sempre parti do princípio que ao ter mandado para o centro de acompanhamento, no CPPCD, a funcionar na capitania, um seu representante ele estaria a par de todas as ações a decorrer”.

Numa nota publicada na sua página oficial, o município refere que se registaram, desde quarta-feira, um total de 296 ocorrências.

Na sexta-feira, devido às condições meteorológicas provocadas pela depressão Elsa, o rio Douro galgou as margens tendo no pico da maré subido 1,20 metros e entrado quase 30 metros pela Praça da Ribeira, no Porto, o mesmo sucedendo do lado de Vila Nova de Gaia.

Os efeitos do mau tempo da semana passada, na sequência das depressões Elsa e Fabien, provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo levou também a condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, danos na rede elétrica e a subida dos caudais de vários rios, provocando inundações em zonas ribeirinhas das regiões Norte e Centro, em particular no distrito de Coimbra.

No rio Mondego, a rutura de dois diques provocou cheias em Montemor-o-Velho, onde várias zonas foram evacuadas e uma grande área, incluindo muitas plantações, estradas e o Centro de Alto Rendimento, ficou submersa.

A situação começou a ter hoje os primeiros sinais positivos de melhoria e diminuição do grau de risco, segundo a Proteção Civil, que se mantém, contudo, em alerta e reconhece estar em causa uma intensa e longa operação de recuperação.

O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão (PS), pediu ao Governo a disponibilização de meios para obras urgentes nos dois diques, depois de o executivo ter dado um prazo de dois meses para a recuperação das infraestruturas.

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