O objetivo, explicou à Lusa o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), Francisco George, é “evitar que uma delegação recorra a empréstimo bancário quando outra delegação tem em depósito esse montante”.
O fundo vai obedecer a uma regulamentação específica, “que está prevista”, e quer evitar o recurso à banca quando a CVP dispõe de recursos próprios, seja a sede ou alguma das delegações e organismos próprios, que são 170.
Os orçamentos de cada um dos organismos deixam de ser estanques e passam a ser possíveis “trocas” e ajudas financeiras entre todos os que compõem a CVP.
O fundo foi uma das medidas hoje aprovadas em assembleia-geral no âmbito de um conjunto de soluções apresentadas para aumentar as receitas da instituição, o qual foi aprovado com 73 votos a favor, dois contra e uma abstenção.
“Tudo isto tem a ver com as várias frentes da CVP, incluindo a internacional. Em termos de resultados foi muitíssimo positiva e há uma grande determinação no sentido de os resultados serem aplicados em ações humanitárias como aquela que aconteceu com a Beira [Moçambique]. Todos os resultados positivos são destinados a investimento na área humanitária”, disse Francisco George à Lusa.
O pagamento de quotas pelas delegações foi também aprovado, que, de forma inédita na história da instituição, passam a contribuir com cerca de 200 mil euros anuais para o orçamento da sede, referiu Francisco George, ressalvando que o valor da quota é variável e em função da faturação de cada uma das delegações.
A rentabilização de ativos como o Palácio da Rocha de Conde d’Óbidos, para o qual se prevê triplicar o número de eventos ali realizados, foi outra medida que mereceu o acordo da assembleia-geral da CVP.
As contas referentes a 2018 foram também aprovadas na reunião de hoje, em relação às quais Francisco George já tinha adiantado anteriormente haver “boas notícias, mas também más notícias”.
Uma das boas notícias é que “há um aumento do rendimento de 8% quando comparado com 2017”, o que representa mais 73 milhões de euros.
Francisco George salientou que, destes resultados, “apenas 11% resultam de subsídios do Estado, o restante é produto dos trabalhos e das prestações de serviço conduzidas pela Cruz Vermelha Portuguesa, que alcançam um resultado positivo de 1,3 milhões”.
Entre as notícias “menos boas” esta “a constatação” do aumento de gastos com pessoal de 8% face ao ano anterior, que é superior ao aumento do salário mínimo nacional.
Portanto, defendeu, é necessário “rever a política de carreiras e de recursos humanos da Cruz Vermelha Portuguesa”.
Questionado pela Lusa se iria haver alguma reestruturação a nível de recursos humanos, Francisco George afirmou que não, explicando que o que existe é a “necessidade de impedir que se repitam situações destas”.
Comentários