"Moçambique deve pagar todos os custos necessários do isolamento social dentro das condições muito difíceis em que as pessoas têm de subsistir, sobretudo nas cidades, onde a morfologia é muito concentrada, e para esse convencimento da população é fulcral não apenas o Estado falar, mas falar também com a enorme rede de curandeiros que existe no país", disse o investigador do Instituto de Ciências Sociais, em Lisboa.

Em entrevista à Lusa a propósito dos efeitos da pandemia de covid-19 em Moçambique, Paulo Granjo alertou que "o Estado deve informar os curandeiros para que compreendam o que está em causa e mobilizá-los como as pessoas mais eficazes para convencerem as populações, que conhecem, da gravidade do que pode acontecer".

Para o investigador, que estuda Moçambique há 30 anos, é imperativo que o Estado promova "todas as formas possíveis de isolamento social para evitar a propagação da epidemia porque se ela se propaga vai tornar-se incontrolável e não há condições de resposta a ela, porque os países que poderiam normalmente ajudar estão, eles próprios, com um problema e até já a retirar pessoas das embaixadas" em Maputo.

"Não há, de todo, capacidade de resposta por parte do sistema de saúde a uma epidemia se ela se generalizar, nem nas grandes cidades e muito menos há quando vamos para os distritos rurais, onde há centros de saúde abertos apenas nas horas de expediente, muitas vezes sem água e sem eletricidade, e sem médicos, só com enfermeiros", disse o investigador.

"Se alastrar para as zonas rurais, temo que seja uma catástrofe incontrolável", por isso "Moçambique tem de apostar tudo no isolamento social para evitar que a epidemia se estenda, e sobretudo se estenda a áreas onde a capacidade de resposta em termos sanitários é menor", concluiu.

Moçambique tinha detetado, até este sábado, oito casos positivos de infeção pelo novo coronavírus, responsável pela covid-19.

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