O desejo foi manifestado pelo próprio em entrevista à Lusa em junho de 2014, pouco depois de ter assumido o cargo, em substituição de Manuel Clemente, desde 2013 cardeal-patriarca de Lisboa.
Nascido a 29 de agosto de 1948, Cinfães, Viseu, António Francisco dos Santos foi ordenado padre em dezembro de 1972.
Era formado em Filosofia e Sociologia, estudou em Paris e chegou à Diocese do Porto com o desejo de “servir e amar o povo”.
“Quero construir uma cidade solidária, feliz e justa”, frisou, numa entrevista à Lusa em que revelou ser adepto do Futebol Clube do Porto (FCP) e declarou que evitava ouvir o relato dos jogos enquanto conduzia, porque ficava “muito nervoso”.
António Francisco dos Santos gostava, isso sim, de caminhar, considerando tratar-se de uma forma de contactar com as pessoas, “essência” da missão da igreja.
“Um bispo tem de saber ir à frente para guiar, entre as pessoas para unir e atrás para ajudar a integrar os que têm o passo mais lento”, explicou, na entrevista à Lusa.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que decretou três dias de luto pela morte de António Francisco dos Santos, e mantinha com o bispo “uma relação pessoal de proximidade”, descreveu-o como “um homem da tolerância” e “uma pessoa jovem e jovial, que tinha com as pessoas uma relação de enorme afetividade”.
Para além disso, acrescentou o autarca, “estava a desenvolver um trabalho extraordinário junto dos mais necessitados”.
A cumprir-se a vontade da família, António Francisco dos Santos nunca teria vestido a batina de padre, mas sim a toga de advogado e, em vez de estar frente a fiéis, estaria diante de juízes.
Na entrevista à Lusa, o bispo do Porto revelou que a sua família, ligada à área do Direito, fez “de tudo” para o demover da ideia de ser padre, dado ser filho único, mas a sua fé e convicção foram mais fortes e inabaláveis.
“Lembro-me de no dia em que fui ordenado o meu tio me ter tido que fizeram de tudo para eu não ser padre, mas que a partir de agora iam fazer de tudo para eu ser bom padre”, recordou.
Os pais de António Francisco dos Santos nunca acreditaram que o seu percurso no seminário fosse cumprido até ao fim, achando sempre que, numas férias de verão, ele chegasse a casa com a “boa nova” de não querer voltar.
Enganaram-se, mas depois de consumada sua ordenação, a família apoiou-o “incondicionalmente”.
Responsável pela Diocese de Aveiro durante mais de sete anos, António Francisco dos Santos destacou-se pela criação da “Cristoteca”, uma festa de animação noturna semelhante a uma discoteca.
Francisco dos Santos marcou presença na iniciativa, importada do Brasil para aproximar jovens da Igreja Católica e manteve-se na festa até de madrugada, admitindo ser habitual ficar acordado até tarde, a trabalhar.
António Francisco dos Santos assumiu funções como bispo do Porto a 05 de abril de 2014 numa cerimónia privada, no Paço Episcopal, sucedendo a Manuel Clemente que se tornou Patriarca de Lisboa.
Foi nomeado Bispo Auxiliar de Braga em dezembro de 2004 e, dois anos depois, foi indicado para bispo de Aveiro.
A sua ordenação episcopal ocorreu em março de 2005, na Sé de Lamego.
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