No início do mês, com a Amazónia em chamas como consequência dos incêndios florestais, Bachelet criticou a "redução do espaço cívico e democrático" no Brasil, dizendo-se preocupada quanto a um aumento de mortes por parte da polícia do Rio de Janeiro e quanto aos ataques a comunidades indígenas.
Como resposta, Bolsonaro acusou a ex-presidente chilena de interferir na política brasileira, deixando ainda elogios à ditadura de Pinochet (1973-1990).
O capitão da reserva do Exército e atual presidente do Brasil tinha elogiado a "coragem" da ditadura chilena para deter a esquerda e "comunistas como o seu pai", Alberto Bachelet, um general da Aeronáutica que se manteve leal ao presidente deposto, Salvador Allende, e que morreu na prisão em 1974 depois de ser torturado pelo regime.
Agora, foi a vez de Bachelet tecer comentários quanto às declarações do presidente brasileiro."Se há uma pessoa que diz que no seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, que diga que a morte do meu pai por tortura permitiu que [o Chile] não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil", disse a Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU em entrevista à Televisão Nacional do Chile (TVN).
Bachelet afirmou que a "redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil", numa longa entrevista à TVN, divulgada parcialmente neste domingo pelo jornal La Tercera, na qual considera que na área de direitos humanos "não existe nenhum país perfeito".
Noutros temas, a ex-presidente voltou a defender-se de novas notícias que vinculam a sua campanha para conquistar o segundo mandato à frente do Chile em 2014 a contribuições da empresa brasileira OAS.
"A minha verdade é a mesma de sempre. Eu não tenho, nunca tive vínculos com OAS nem com qualquer outra empresa", disse Bachelet, que considerou "estranho" o retorno do tema à imprensa.
Ao falar sobre o seu papel na crise da Venezuela, Bachelet respondeu que muitos, de modo equivocado, a observam como a "virgem Maria", aquela que pode solucionar o problema. "Sou Alta Comissária e quero manter a minha relação com o Estado venezuelano para seguir a trabalhar e para ajudá-los a resolver a situação crítica dos direitos humanos", disse.
Para as Nações Unidas, "Juan Guaidó é o presidente da Assembleia e o presidente eleito é Nicolás Maduro", completou a socialista.
[Notícia atualizada às 21:21]
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