Eis algumas dessas figuras dos acontecimentos de há 20 anos.

George W. Bush

No dia dos atentados, o republicano George Walter Bush tinha 55 anos e era o 43.º Presidente dos EUA (2001-2009) há menos de nove meses. Quaisquer que fossem os seus planos, aquela terça-feira fez dele um presidente da guerra.

Bush estava numa escola primária na Florida quando foi informado dos ataques, mas continuou na sala de aula, o que lhe valeu críticas por ter demorado a reagir. Dez anos depois, numa entrevista à National Geographic, explicou que quis evitar uma situação de pânico em frente às crianças e aos jornalistas.

À noite, falou ao país e três dias depois visitou o “Ground Zero” do World Trade Centre (WTC). De megafone na mão, disse aos presentes: "Consigo ouvir-vos! O resto do mundo ouve-vos! E as pessoas que derrubaram estes edifícios vão ouvir-nos a todos em breve". O seu apoio nas sondagens atingiu 85%.

Depois, declarou “guerra global ao terror” e prometeu apanhar os responsáveis pelos ataques e quem os protegesse, levando os EUA a invadir o Afeganistão, onde estava Osama bin Laden, e o Iraque.

Dick Cheney 

Enquanto os serviços secretos tentavam esconder Bush, o seu vice-presidente, Dick Cheney, então com 60 anos, foi levado para um ‘bunker’ na Casa Branca.

Foi um defensor acérrimo de uma resposta dura, utilizando "quaisquer meios” à disposição, como recordou a AP, que o definiu como um impulsionador da guerra no Iraque (Cheney era secretário da Defesa na intervenção dos EUA no Iraque em 1991).

Em resposta a críticas de que os suspeitos de terrorismo eram torturados, respondeu que a técnica de interrogatório ‘waterboarding’ (causar a sensação de afogamento a uma pessoa) era uma forma adequada de obter informações.

Rudolph Giuliani 

Presidente da Câmara de Nova Iorque, Rudolph Giuliani foi um herói do momento – empático, um espelho da dor da nação e uma presença constante no ‘Ground Zero’, segundo a AP.

"O número de baixas será mais do que qualquer um de nós pode suportar", disse em 11 de setembro. Oprah Winfrey chamou-lhe "o presidente da câmara da América" e a revista Time declarou-o "Pessoa do Ano".

Recentemente, o advogado de 77 anos voltou a estar em foco ao integrar a equipa de defesa do agora ex-Presidente Donald Trump, de quem era um fervoroso apoiante, nos processos em que esteve envolvido.

Donald Rumsfeld 

Próximo de Dick Cheney, Donald Rumsfeld era secretário da Defesa pela segunda vez, depois de ter estado no cargo com Gerald Ford (1975-1977). Estava no Pentágono quando o terceiro avião se despenhou contra o edifício e foi um dos arquitetos da “guerra global contra o terror”.

Rumsfeld foi muito criticado pelo rumo da intervenção no Iraque e pelo escândalo das humilhações a que detidos iraquianos foram sujeitos na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdad. Acabou por se demitir em 2006.

Morreu em 29 de junho deste ano, aos 88 anos, dois meses antes de os EUA abandonarem o Afeganistão, após 20 anos de uma guerra a que esteve ligado.

Colin Powell

Foi o chefe da diplomacia da administração Bush entre 2001 e 2005. Defendeu na ONU que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa para justificar a invasão do Iraque. As armas nunca foram encontradas.

Em 1991, este general de quatro estrelas chefiava as forças armadas quando os EUA invadiram o Iraque pela primeira vez. Por decisão do Presidente George H. W. Bush, pai de George W. Bush, os EUA retiraram-se sem derrubar Saddam Hussein. Regressaram em 2003: Saddam foi capturado por tropas norte-americanas no final desse ano, e enforcado três anos depois.

Apesar de republicano, Powell apoiou os democratas Hillary Clinton (2016) e Joe Biden (2020) contra Donald Trump. Atualmente com 84 anos, abandonou o partido após o assalto ao Capitólio por apoiantes de Trump, em 06 de janeiro deste ano.

Condoleezza Rice

Em 2005, com 50 anos, sucedeu a Powell como secretária de Estado, mas já era conselheira de segurança de Bush desde o início do mandato - tal como fora de Bush pai entre 1989 e 1991 - e a sua dureza valeu-lhe a alcunha de "princesa guerreira".

No verão de 2001, a CIA informou-a de que haveria "ataques terroristas significativos” da Al-Qaeda contra os EUA nas semanas ou meses seguintes. Rice diria mais tarde que a informação era antiga.

Foi muito criticada pelo seu apoio à invasão do Iraque, sobretudo pelos democratas, que a acusaram de ter sido uma das responsáveis pelo “atoleiro” iraquiano, como lhe chamou um dos congressistas.

Osama bin Laden

Cidadão saudita até Riade lhe retirar a nacionalidade em 1994, Osama bin Laden declarou guerra aos EUA em 1996, por considerar que eram a fonte de todos os males no Médio Oriente.

Inicialmente, negou o envolvimento da Al-Qaeda no 11 de Setembro, mas, em 2004, assumiu ter sido o responsável pelos atentados num vídeo divulgado pela estação Al Jazira.

Foi morto por forças especiais norte-americanas no Paquistão, onde se refugiara, em 02 de maio de 2011.

Khalid Sheikh Mohammed

Rotulado de "arquiteto principal dos ataques do 11 de Setembro" pela comissão de inquérito, foi capturado pela CIA e pela polícia secreta paquistanesa em 2003. Esteve em prisões secretas na Polónia e Afeganistão antes de ser levado Guantánamo, onde aguarda julgamento.

Sob coação - alguns chamaram-lhe tortura - confessou o seu envolvimento em quase todas as grandes operações da Al-Qaeda, incluindo o bombardeamento do World Trade Center em 1993, o assassinato do jornalista Daniel Pearl e os ataques de 2001, segundo a AP.