"Quando se trata de um tema tão sensível como esse, nós temos de ter muito bom senso no seu tratamento. Estamos a falar de pessoas, de pessoas que são vítimas em muitos casos de redes de utilização de seres humano, e estamos a falar de deficiências do funcionamento do enquadramento dessas pessoas na sua legislação ou no acompanhamento da sua atividade laboral, e isso já é uma responsabilidade nossa", defendeu.
Em declarações aos jornalistas no final de mais uma edição da iniciativa "Músicos no Palácio de Belém", Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre declarações do presidente da Câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, e do presidente do PSD, Luís Montenegro, no que toca à política de imigração.
Na semana passada, a propósito do incêndio na Mouraria que matou duas pessoas, Carlos Moedas defendeu que se deve estabelecer limites por setores à imigração e criticou que seja possível atualmente a entrada de imigrantes em Portugal sem contrato de trabalho. Já Luís Montenegro considerou que o país deve receber imigrantes "de forma regulada” e “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.
"Declarações muito emocionais feitas em cima de casos correm o risco de ser irracionais e de irem a reboque de posições mais emocionais que essas terão sempre mais sucesso em termos de captar a opinião pública", salientou hoje o Presidente da República.
Advertindo que "a cópia perde sempre para o original", o chefe de Estado apontou que "as posições que são tomadas não podem ser tomadas atrás das emoções".
"É facílimo ir atrás das emoções, mas quando se vai atrás das emoções há dois problemas. Primeiro, a emoção muitas vezes não ser racional, segundo problema é aquele que é mais emocional ganha sempre", sustentou.
"O problema não é captar o sucesso da opinião pública, andar a disputar votos a ver quem é mais emocional nessa matéria - alguns dirão mais populista - mas é quem é que vê a questão com frieza em termos do interesse do país, do interesse de Portugal a curto, a médio e a longo prazo", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente assinalou que Portugal "tem emigrantes espalhados pelo mundo e portanto não pode ter dois pesos e duas medidas", nomeadamente o discurso de que "quando são os nossos são bons, quando são os outros são maus, mesmo que os outros estejam a fazer coisas sem as quais a economia não funcionava, que é o que se passa em muitos casos, vêm fazer e ter a seu cargo atividades profissionais que os portugueses não querem".
Questionado se falta bom senso ao presidente do PSD, o Presidente da República apontou que esta "é uma reflexão genérica mostrada pela prática" e que "é muito simples: manter a cabeça fria e não ir a correr atrás do prejuízo, pensando que se pode cobrir quem tem posições mais emocionais".
Questionado também se constitui uma colagem do PSD ao Chega, Marcelo recusou fazer mais comentários.
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