“Por parte dos signatários, sempre existiu a melhor compreensão para a dificuldade de resolução das questões, muitas delas já com anos, mas sempre suscitadas no tempo pela falta de soluções e, atualmente, mais evidentes do que nunca”, refere o documento.
A nota, datada de outubro, não estabelece prazos para a efetivação das demissões.
A 9 de outubro, o diretor clínico, José Pedro Moreira da Silva, reiterou a sua intenção de demissão, caso o Orçamento de Estado de 2019 não contemplasse a verba para as “necessárias obras” desta unidade de saúde.
Apesar da entrega do Orçamento de Estado na segunda-feira, o diretor clínico não quis ainda pronunciar-se sobre o assunto.
No memorando, os demissionários referem que “sempre existiu solidariedade, empenho e lealdade” dos profissionais para com os conselhos de administração e respetivas direções clínicas, estando os resultados do desempenho assistencial, “obtidos em condições muito difíceis e até únicas”, expressos nos registos de monitorização de atividade hospitalar da Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS).
“Contudo, e apesar de todo o esforço despendido, historicamente, vicissitudes diversas arrastaram no tempo a possibilidade de um compromisso sério e realista na procura das soluções necessárias para as extremas necessidades de um dos mais importantes complexos assistenciais da região Norte, com um dos mais elevados graus de diferenciação”, dizem.
Nos últimos 40 anos, em diversos momentos, foram elaborados e aprovados planos diretores e programas funcionais com vista à construção de um novo hospital, lembram.
Este contexto, com as más condições e as carências existentes em equipamentos e recursos humanos, levou à “insatisfação e falta de crédito” nas soluções que foram apresentadas, adianta o documento.
Quanto ao hospital, os signatários frisam que é composto por três unidades hospitalares, estruturação que dificulta o aproveitamento da modernização técnico profissional das equipas, de respostas assistenciais mais eficientes, apresenta dificuldades no controlo de infeções hospitalares e uma gestão de recursos em constantes adaptações com riscos económico-financeiros associados ao desperdício e à falta de investimento.
“O financiamento do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho [CHVNGE] não tem tido em consideração o compromisso com a área de influência, bem como com a diferenciação de equipas do hospital, que atualmente recebem doentes de todas as outras regiões do país”, acrescentam.
Além disso, o documento fala em “lacunas graves ao nível de recursos humanos e equipamentos” com “claro prejuízo” para o hospital e para a população.
Em termos de recursos humanos, as dificuldades são transversais a médicos e outros profissionais, que não só enfermeiros e assistentes operacionais, vinca.
“Por fim, depois de apresentados fundamentos, não podem os 52 médicos signatários de um pedido de demissão das suas funções de direção e chefia, deixar de se dirigir muito respeitosamente a Vossas Excelências [deputados] prestando os esclarecimentos que poderão faltar, porventura por se diluírem num grande horizonte temporal (…) solicitando a Vossas Excelências ajuda para o encontro das melhores, coerentes e sustentáveis soluções assistenciais para a área de influência do CHVNGE”, termina o memorando.
A demissão do diretor clínico e dos diretores e chefes de serviço do centro hospitalar foi anunciada a 5 de setembro, nas instalações do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, no Porto.
Os 52 profissionais redigiram uma carta de demissão em julho, altura em que ponderaram demitir-se, mas só no início deste mês concretizaram essa intenção.
Comentários