"Portugal é um dos países que mais prescreve psicofármacos, quando a prevenção da depressão é importante em todas as fases da vida, assumindo na adolescência um papel de maior relevo", disse à agência Lusa o psicólogo, um dos coordenadores do seminário nacional "Depression: let's talk", que vai decorrer na sexta-feira, em Coimbra.
Segundo Vítor Anjos, Portugal é o país da Europa com a taxa de depressão mais elevada e "foca-se na medicação, quando é preciso perceber que a terapia e prevenção podem levar a um estado de saúde mental saudável".
O seminário "Depression: let's talk" destina-se a assinalar o Dia Mundial da Saúde, que este ano a Organização Mundial de Saúde dedicou à depressão, e é organizado em conjunto pela Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Coimbra, a Associação Portuguesa de Conversas em Psicologia e Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
"Juntámos sinergias, porque pensamos que a depressão pode ser trabalhada de outra forma", frisou Vítor Anjos, salientando que 20% da população é negligenciada na doença e que 70% dos suicídios são causados por depressão.
De acordo com o presidente da Associação Portuguesa Conversas em Psicologia, estima-se que "400 mil portugueses entre os 18 e os 65 anos sofrem anualmente um grau de depressão muito alto".
Ana Paula Amaral, também da comissão organizadora do seminário, considera que em Portugal "pouco se tem feito na prevenção", embora reconheça que existem programas eficazes.
De acordo com a docente de psicologia clínica, o estigma associado à doença ainda constitui uma barreira importante ao diagnóstico atempado e prevenção.
"Se conseguirmos minimizar os fatores de risco e promover fatores de proteção conseguimos melhorar a doença na população", sublinhou Ana Paula Amaral, que defende também uma aposta maior na prevenção para combater o "normal foco no tratamento".
Durante o seminário, que terá dois painéis, serão abordados e divulgados vários programas que estão já no terreno e que visam a prevenção da depressão nos adolescentes, perinatal e do suicídio em cuidados primários.
Comentários